Em 19 de maio, Henrique Dubugras estava dando entrevistas comemorando a mais recente rodada da Brex, sua startup que emite cartões de crédito corporativos para outras startups. 

“Nossos funcionários, nossos clientes, todo mundo está feliz,” disse Henrique, um brasileiro que se mudou para o Vale depois que ele e seu sócio Pedro Franceschi venderam a Pagar.me para a Stone.

Menos de um mês depois, nem todo mundo está tão feliz. 

A Brex demitiu 17% de seus funcionários — um anúncio exótico para uma empresa que atingiu um valuation de US$ 3 bilhões em apenas três anos.

Segundo o Business Insider, que descreveu os bastidores da Brex, entre os demitidos estão Paul-Henri Ferrand, que a Brex acabara de contratar como COO, além de funcionários sêniores nas áreas de experiência do consumidor, compliance e marketing.

O Business Insider conversou com oito atuais e ex-funcionários, que disseram que a Brex já estava enfrentando um alto turnover de funcionários e dificuldades para atingir metas financeiras agressivas mesmo antes da pandemia.

O sucesso da Brex é uma ilustração vívida da liquidez que os VCs despejaram no Vale antes da pandemia eclodir.

Fundada por dois meninos-prodígio que programam desde os 12 e os 9 anos de idade, a Brex já levantou US$ 465 milhões em rodadas de equity e US$ 300 milhões em dívida desde que foi fundada em 2017. A Série B (US$ 50 mi) aconteceu em 2018, seguida pela Série C (US$ 125 mi) poucos meses depois. Mais dinheiro fluiu com a Série C-2 em junho de 2019 e a Série C-3 em maio. 

A Brex gastou parte dos recursos marketando seu nome, com direito a painéis em pontos de ônibus, outdoors, e um lounge com acesso restrito a membros. 

A liquidez foi tanta que a startup abriu até um café em São Francisco.