Na primeira aquisição sob o comando de Octavio de Lazari, o Bradesco anunciou hoje a compra do BAC, da Flórida, por US$ 500 milhões.
A transação busca tanto aumentar o share of wallet junto a clientes brasileiros, como atrair mais clientes latino-americanos e residentes nos Estados Unidos para sua base de private banking e wealth management.
Os ativos sob custódia do BAC são pequenos perto do tamanho do Bradesco: cerca de US$ 2 bi, contra os R$ 200 bi que o banco brasileiro tem no segmento de private — no qual é o segundo maior player do Brasil, atrás do Itaú.
Mas a forte atuação do BAC na concessão de crédito imobiliário para estrangeiros na Flórida — um dos mercados mais cobiçados por brasileiros e latino-americanos — abre uma ampla gama de possibilidade de cross-sell com outros produtos do Bradesco, de investimentos para pessoa física a crédito corporativo para empresas que tem atuação nos Estados Unidos, passando por conta corrente e cartão de crédito.
Com a aquisição, o Bradesco traz para dentro de casa mais 10 mil clientes, que se somam à base de 13 mil clientes de private banking do banco. O Bradesco estima que o mercado potencial de clientes do private no Brasil é de 55 mil famílias, que tem uma fortuna estimada em R$ 1,1 trilhão.
Cerca de 20% dos clientes do BAC são brasileiros e outros 10% americanos. O restante se espalha principalmente pela América Latina (9% são argentinos e 8% mexicanos).
“Tudo aquilo que a gente já podia oferecer aqui no Brasil agora poderemos complementar com a oferta de produtos e serviços nos Estados Unidos”, disse o presidente do Bradesco, Octavio de Lazari.
A compra vem num momento em que o Itaú Unibanco está reforçando sua atuação internacional para clientes de alta renda, ampliando sua equipe no Itaú USA, baseado em Miami.
Controlado pelo grupo Pellas, da Nicarágua, o BAC não estava à venda. Foi o Bradesco que abordou a instituição por entender que ela supria uma lacuna no seu portfólio de produtos. As negociações começaram há cerca de um ano.
“O cliente vai poder abrir sua conta nos Estados Unidos aqui no Brasil através do mobile, consultar o extrato, quais investimentos fazer, cotar crédito imobiliário”, diz Lazari. “Ele poderá operar lá fora da mesma forma que opera aqui no Brasil: pagar condomínio, empregada, conta de luz, tudo como se fosse conta do Bradesco”.
Antes da aquisição, o Bradesco atuava nos Estados Unidos apenas com escritórios de representação, em Miami e Nova York.
O CEO do BAC, Julio Rojas, seguirá no comando.
O executivo assumiu o BAC em dezembro de 2016, depois de uma carreira de mais de 20 anos no Standard Chartered, onde chegou a CEO para Américas.
Ele reportará a Renato Ejnisman, diretor-executivo responsável pelo banco de investimentos, e ao vice Marcelo Noronha.
O Bradesco manterá a marca BAC, mas vai mudar seu nome, de Banco de América Central, para Bradesco Americas & Co.
Apesar de ser a primeira aquisição do Bradesco de uma instituição que atua puramente no exterior, Lazari ressaltou que o foco continua sendo o mercado brasileiro.
“Não vamos fazer banco de varejo fora do Brasil. É uma aquisição pontual, que tem um fit adequado com todos os produtos e serviços necessários para atender clientes de private banking e alta renda brasileiros”.
A aquisição — que será paga integralmente em cash — saiu por um múltiplo de 2,55 vezes o patrimônio do BAC. O banco tem US$ 2,2 bilhões em ativos totais e lucrou US$ 29 milhões no ano passado. O retorno sobre patrimônio foi de 15,3%.
O banco espera que todas as aprovações para o negócio saiam num período de seis a oito meses.