A MRV disse agora à noite que fechou 2020 com o maior volume de vendas da história, e detalhou planos para diversificar seu negócio e fontes de funding nos próximos cinco anos.

11177 f21b4eaa 15b2 53d3 e93c 7f247f56e113Mas no último trimestre do ano, a companhia ainda sofreu pressão de custos em insumos como aço, PVC e concreto. O CEO Rafael Menin disse ao Brazil Journal que, neste primeiro trimestre, os custos “pararam de subir” e que as interrupções na cadeia de suprimento que marcaram o ano passado já estão em grande parte solucionadas.

A incorporadora dos Menin reportou um lucro líquido de R$ 196 milhões, 30% acima dos R$ 151 milhões no mesmo trimestre do ano anterior e 39,4% melhor que o terceiro tri.  No ano, o resultado líquido foi de R$ 550 milhões contra R$ 690 milhões em 2019.

A margem bruta da companhia sofreu no ano passado quando a MRV teve que ser mais agressiva para girar seu estoque durante os lockdowns da covid. De lá para cá, o poder de preço da companhia melhorou, mas a inflação de commodities trabalhou contra. A margem foi de 28,4% no trimestre, ainda abaixo dos níveis históricos da empresa, tipicamente acima de 30%. 

O resultado líquido do trimestre inclui R$ 97 milhões da venda do Deering Groves, um condomínio em Miami desenvolvido pela AHS, a subsidiária americana na qual a MRV tem 90,3% do capital.

No entanto, em vez de um evento extraordinário, esse tipo de venda de ativos deve se tornar recorrente na vida da companhia, por conta tanto da AHS quanto da Luggo. A MRV disse que a AHS está em negociações avançadas para vender seis empreendimentos ainda no primeiro semestre totalizando US$ 249 milhões.

A MRV tem dito ao mercado que seu negócio ‘core’ — o Minha Casa Minha Vida — será diluído ao longo dos próximos anos pelo crescimento de suas novas linhas de produtos. Até 2025, a incorporadora pretende ter um VGV anual acima de R$ 12 bilhões em negócios como a Urba (sua empresa de loteamentos), a Luggo (aluguel acessível de apartamentos), a Sensia (negócio de apartamentos de classe média) e a própria AHS.

O VGV destes novos negócios será o dobro dos R$ 5,9 bilhões que a companhia espera ter no Programa Casa Verde Amarela (o bom e velho Minha Casa Minha Vida).

Essa nova composição trará uma diversificação inédita das fontes de funding da empresa, hoje extremamente concentrada no FGTS. Até 2025, a expectativa é que 37,4% do funding virá do mercado de capitais (por meio de FIIs e REITs), 29,8% do SBPE e 32,8% do FGTS. 

Mas apesar do potencial de cada novo negócio, não parece haver dúvida de que o grande xodó do momento é a AHS. 

10781 81ce1fa4 bc22 bb06 b619 20fe5631ac8bO controlador e chairman da companhia, Rubens Menin, passou as últimas semanas no Texas, visitando terrenos e tuitando em tempo real para seus 420 mil seguidores. Ainda este ano, a companhia deve começar a construir cinco condomínios no Texas, totalizando um VGV de US$ 373 milhões. 

“Enquanto numa cidade do Texas leva de três a seis meses para aprovar uma obra na prefeitura, nas grandes capitais brasileiras isso pode levar até três anos,” disse o CEO. 

E a oportunidade de mercado?  “O PIB do Texas é igual ao PIB do Brasil”.