A 3G Capital está comprando a Hunter Douglas – a líder mundial em cortinas, persianas e outros produtos arquitetônicos – numa transação que avalia a multinacional holandesa em US$ 7,1 bilhões.
Este é o primeiro negócio da 3G desde 2015, quando a gestora de Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira se associou à Berkshire Hathaway para combinar os negócios da então Kraft Foods com a H.J. Heinz.
Ainda que a Hunter também seja uma marca de consumo global, a operação coloca a 3G fora de sua zona de conforto habitual: as indústrias de alimentos e bebidas.
A Hunter Douglas traça sua origem a 1940, quando o industrial alemão Henry Sonnenberg se mudou da Holanda para os Estados Unidos e fundou a Douglas Machinery Corporation. Seis anos depois, Henry faz uma joint venture com o inventor Joe Hunter, que acabara de criar uma máquina de fundição contínua de alumínio, dando origem às folhas de alumínio flexíveis hoje comumente usadas em venezianas.
Além da marca homônima, a Hunter Douglas tem marcas como Luxaflex, Duette, Silhouette, Vignette, Pirouette, Facette, Techstyle e 3form – e faz produtos de revestimento para interiores e exteriores, incluindo forros, fachadas cerâmicas e pisos.
Com sede em Roterdã, a companhia está presente em mais de 100 países – incluindo o Brasil, onde está há quase meio século. A empresa tem 23 mil colaboradores e faturou US$ 3,4 bilhões nos primeiros nove meses deste ano.
João Castro Neves, o ex-CEO da Ambev e sócio da 3G, será o novo CEO da companhia.
A 3G está comprando 75% de uma holding que detém 93,5% das ações da Hunter Douglas e é controlada por Ralph Sonnenberg, o filho do fundador. Ralph fará 88 anos em maio.
Seu filho David, o atual co-CEO, vai se tornar o chairman executivo, e a família Sonnenberg continuará com 25% do negócio.
A oferta avalia a Hunter Douglas a € 175 por ação – um prêmio de 73% sobre o fechamento de 30 de dezembro e de 64% sobre o ‘all-time high’ do papel (€ 106,40).
A oferta feita ao controlador será estendida aos minoritários, retirando a empresa da Bolsa. A companhia é listada na Euronext e na Bolsa de Frankfurt.
Uma pessoa próxima à transação disse ao Brazil Journal que a 3G se interessou pela Hunter Douglas por conta da longevidade e reconhecimento da marca. A 3G vê uma oportunidade de acelerar o crescimento da companhia – uma “jóia da coroa” – e também vai trabalhar com o atual time de gestão para obter mais eficiência operacional.
David Sonnenberg disse numa nota que, como empresa privada, a Hunter Douglas terá a “oportunidade de avançar e expandir seus negócios, preservando a cultura liderada pela família”.
O Credit Suisse assessorou a família Sonnenberg, que trabalhou com o escritório De Brauw Blackstone Westbroek. O White & Case também participou da transação.
O Lazard foi o principal assessor financeiro da 3G Capital, que também trabalhou com JP Morgan e Morgan Stanley. Paul Weiss foi o assessor jurídico.
Rabobank e DLA Piper assessoraram o conselho da Hunter Douglas.