A Movida acaba de reportar um segundo tri com lucro acima das expectativas, após reajustar as diárias da operação de rent a car e reduzir sua alavancagem, o que diminuiu o impacto das despesas financeiras.
A empresa de locação de veículos do Grupo Simpar disse que o lucro cresceu 60% em um ano para R$ 67,6 milhões. O consenso projetava R$ 35 milhões.
O CEO Gustavo Moscatelli disse que o reajuste de 15% da tarifa média foi o principal motor para esse ganho, e não impediu a empresa de manter o número de diárias estável em relação ao primeiro tri: 6 milhões.
“Aumentamos o preço e a demanda não caiu no ano, mesmo quando comparando com o primeiro tri, que tem o impacto das férias escolares. Isso mostra que o cliente está disposto a pagar pelo valor entregue,” Moscatelli disse ao Brazil Journal.
A Movida viu, no entanto, uma queda de 4,1 pontos percentuais na taxa de ocupação e de 2% no número de diárias em relação ao mesmo período de 2024.
Segundo o CEO, essa queda aconteceu graças a uma mudança de mix (deliberada) nas locações da Movida: a empresa passou a alocar mais carros e capital nos chamados “contratos eventuais” – locações de 3 ou 4 dias, como viagens de fim de semana – em detrimento aos “contratos mensais”, que duram 30 dias mas têm menor elasticidade de preço.
A receita líquida da Movida ficou em R$ 1,9 bilhão, alta de 7,1% em um ano – puxada principalmente pelo rent a car, que cresceu 17,7%. Já a operação de venda de automóveis contraiu 2,2% no trimestre.
O CEO disse que a venda de carros está estabilizada em cerca de 25 mil carros por trimestre desde o início de 2024. Mas como o ticket médio dos seminovos vem caindo desde 2022, ainda há impactos na receita.
“Reduzimos o ticket médio de R$ 95 mil para R$ 79 mil, e isso melhorou muito a nossa liquidez,” disse.
Já o EBITDA da Movida subiu 26% em um ano e chegou a R$ 1,3 bilhão, em linha com as expectativas. A margem EBITDA avançou 3,2 pontos percentuais para 37%.
Moscatelli disse que a decisão do governo federal de reduzir o IPI dos carros populares, no início de julho, não impactou as vendas de seminovos.
Segundo uma prévia divulgada agora à noite pela Movida, o faturamento de julho ficou em R$ 572 milhões, em linha com a média mensal do primeiro semestre de R$ 579 milhões. A empresa disse que menos de 27% do imobilizado refere-se a carros que tiveram redução de IPI.
Para o CEO, como o consumidor de carros populares é muito sensível a preço, ele acaba optando pelos seminovos, que ainda são de 10% a 15% mais baratos que os novos com o IPI reduzido. “No final do dia, o consumidor sempre vai olhar o bolso,” disse.
Moscatelli também disse que não houve impactos além do normal na depreciação da frota no segundo tri. Segundo ele, a Movida vendeu carros com margem positiva e julho trouxe um alento: os preços voltaram a subir na tabela mensal da FIPE.
“Em julho, a FIPE subiu 0,04%. É um número pequeno mas simbolicamente importante, porque marca o fim da trajetória de queda,” disse.
A alavancagem da Movida caiu para 2,9x, uma redução de 0,3x na comparação anual e de 0,1x na sequencial.
Além do crescimento do EBITDA, Moscatelli disse que a melhora no indicador ocorreu porque o custo da dívida caiu para cerca de CDI + 2% com refinanciamentos mais eficientes, o que reduziu a pressão sobre o caixa.
“É a menor alavancagem dos últimos três anos e isso mostra que a estrutura da companhia está sólida, mesmo com o cenário macro ainda difícil,” disse.
Apesar de estar quase dobrando no ano, a ação da Movida ainda acumula uma queda de 6% em doze meses.
A empresa negocia a 5,1x o lucro estimado para 2026 e vale R$ 2,4 bilhões na Bolsa.