A Moura Dubeux reportou números do quarto trimestre em linha com o que tem entregado ao longo do ano passado: vendas subindo, lançamentos caindo.
Na prévia operacional divulgada agora há pouco, a incorporadora focada na média e alta renda no Nordeste disse que suas vendas líquidas subiram 44% no trimestre, na comparação anual, para R$ 397 milhões.
Já seus lançamentos caíram 20%, saindo de um valor geral de vendas (VGV) de R$ 560 milhões um ano atrás para R$ 448 milhões hoje.
O CEO Diego Villar disse ao Brazil Journal que os números são um reflexo da estratégia que a companhia adotou no ano passado de segurar os lançamentos para proteger a alavancagem da empresa e manter um nível de estoque saudável.
“No segundo semestre do ano passado e no primeiro semestre de 2024 tomamos a decisão de ser mais cautelosos porque é o período que vai ter o maior volume de execução de projetos da companhia, o que naturalmente vai exigir um maior consumo de caixa,” disse ele.
No quarto tri, a Moura Dubeux teve uma queima de caixa de R$ 61 milhões, revertendo sua posição de caixa líquido do terceiro tri para uma dívida líquida de R$ 40 milhões. No terceiro tri, ela já havia queimado outros R$ 52 milhões.
O CEO ressaltou que a velocidade de vendas da Moura, medida pelas vendas sobre oferta (VSO), é uma das mais altas do médio e alto padrão.
Em 2024, o VSO foi de 45,6%; no quarto tri, de 17,9%. Para efeito de comparação, a Cyrela fez um VSO de 47,2% em 2024, e a Mitre de 31,4%.
Segundo ele, a Moura também tem conseguido fazer “vendas de qualidade”, repassando mais que a inflação do período nas vendas do estoque.
Do lado negativo, a companhia viu um aumento nos distratos, que subiram de 7,6% no terceiro tri para 10,6% agora. Diego diz, no entanto, que boa parte desses distratos é de pessoas que mudaram a titularidade do imóvel ou que decidiram trocar o imóvel por outro mais caro da própria Moura Dubeux.
Segundo ele, isso representou cerca de R$ 30 milhões dos R$ 45 milhões em distratos que a companhia teve no quarto tri.
No quarto tri, a Moura disse que fez cinco lançamentos, a maioria concentrados em dezembro. O pior em termos de vendas foi o Venice, em Recife, que foi lançado em 28 de dezembro e vendeu apenas 7% dos apartamentos. O melhor foi o Ayme Boa Viagem, que foi lançado em outubro e já teve 68% das unidades vendidas.
No primeiro semestre de 2024, Diego diz que a Moura Dubeux deve continuar queimando caixa e segurando a mão nos lançamentos. A partir do segundo semestre, no entanto, o ciclo se inverte e a companhia deve passar a gerar caixa pela entrega de muitos projetos que foram lançados em 2020 e 2021.
A partir daí ela volta a acelerar os lançamentos, com dois grandes projetos já previstos, o Othon e o Pestana em Salvador, que terão VGVs de R$ 600 milhões e R$ 500 milhões, respectivamente.
A companhia também planeja começar a pagar dividendos no início de 2025. Hoje, ela não pode pagar dividendos mesmo dando lucro porque tem prejuízos acumulados de anos anteriores.
No final do terceiro tri, a Moura Dubeux tinha cerca de R$ 100 milhões em prejuízos acumulados, um número que deve reduzir com o lucro do quarto tri (que vai se tornar público em março, na divulgação dos resultados completos do quarto tri) e zerar ao longo deste ano.