Luiza Helena TrajanoO slogan do Magazine Luiza é “vem ser feliz!”, mas o mercado não quer aceitar o convite.

As ações da Luiza começaram a semana em queda de 6% depois que a empresa anunciou ter fechado nove de suas 746 lojas.

Imediatamente, uma tese começou a correr o mercado: a de que as vendas teriam micado às vésperas da Copa, levando a empresa a se antecipar aos maus resultados e fechar os pontos.

Tudo indica que é a tese que está micada.

Desde segunda-feira, a companhia tem dito aos investidores que nada poderia estar mais longe da verdade. Para não deixar dúvida: a empresa tem dito que as vendas de maio foram ‘equivalentes’ às de dezembro, o mês mais forte do ano.

Há, sim, uma “pequena desaceleração” no segundo trimestre em relação ao primeiro, mas nada que comprometa a expectativa da rede de aumentar as vendas em dois dígitos este ano, de acordo com a diretora de relações com investidores, Daniela Bretthauer. “A empresa fechou lojas que estavam performando abaixo da média”.

A categoria que continua bombando é aquela formada por tablets e smartphones, que já são tão importantes quanto TVs em termos de faturamento. A categoria dobrou a participação no mix de vendas da companhia de um ano e meio para cá.

A rentabilidade dos gadgets também é maior que a das TVs. Primeiro, porque sua margem bruta já é mais alta por se tratar de produtos com mais tecnologia. Segundo, porque o custo de logística é menor: as pessoas já saem da loja com os aparelhos, em vez de mandarem entregar em casa.

No primeiro trimestre, o Magazine cresceu as vendas em mesmas lojas em 25,4%, a melhor performance do varejo num setor em franca desaceleração. O segredo para o crescimento: 40% das lojas da Luiza têm menos de quatro anos, e portanto tendem a crescer mais do que lojas maduras.

Nos últimos dois anos, a empresa reformou todas as 250 lojas que adquiriu das Lojas Maia e Lojas do Baú, e essas lojas também são contadas como ‘novas’.

Apesar dos bons números, os investidores ainda tratam o Magazine Luiza com uma postura de ver para crer, isto é, querem ver vários trimestres de bons resultados antes de acreditar na estória. Isso acontece porque a companhia teve vários trimestres decepcionantes depois de seu IPO, em abril de 2011.

A 7,69 reais, o preço da ação no fechamento de ontem, a Luiza negocia a cerca de 11 vezes o lucro estimado para este ano. Comparado com a maioria dos varejistas brasileiros, trata-se de um múltiplo baixo. A concorrente Via Varejo, dona das marcas Ponto Frio e Casas Bahia, negocia a 13 vezes o lucro deste ano.  Quando se levam em conta as estimativas de lucro para 2015, a diferença é ainda maior: Luiza negocia a 7,5 vezes lucro, comparado com um múltiplo de 12 vezes para a Via Varejo.