Em meio à tentativa de desalavancagem da holding Simpar e à redução de investimentos, a CS Infra vive uma fase diferente dos outros negócios do grupo de Fernando Simões.

Em março, o braço de infraestrutura do grupo venceu duas concessões: um corredor de 308 quilômetros entre Paranatinga e Canarana, no Mato Grosso – que deve consumir R$ 1,1 bilhão em investimentos – e a administração de 13 terminais de ônibus e 6 estações do Expresso Tiradentes, em São Paulo, com R$ 170 milhões em aportes previstos ao longo do contrato de 30 anos.

O CEO Fernando Quintas disse que a CS Infra tem um pipeline robusto de projetos em análise para os próximos leilões, mas não vai comprar qualquer coisa.Fernando Quintas ok

“Queremos projetos que tenham receita resiliente, capex diluído e garantias fortes de recebimento. Mesmo em PPPs, queremos proteção contra trocas de governo,” Quintas disse ao Brazil Journal.

Além das duas concessões recém-conquistadas, a CS Infra hoje opera os terminais portuários Aratu 12 e 18, na Bahia; faz a gestão da rodovia Grãos do Piauí (PI-397 e PI-262); mantém um projeto de mobilidade urbana em Cuiabá; atua no sistema de BRT de Sorocaba; e, por meio da Ciclus Ambiental, atende a concessões de resíduos no Pará (Ciclus Amazônia) e no Rio de Janeiro (Ciclus Rio).

Segundo o executivo, o foco agora está em concessões com início de receita previsto entre o primeiro e o segundo ano de contrato, e geração de caixa mais acelerada. 

Essa abordagem está alinhada à meta da Simpar de cortar seu capex e reduzir sua alavancagem para menos de 3x nos próximos anos. No fim de 2024, a relação entre dívida líquida e EBITDA ficou em 3,6x, ainda abaixo do teto dos covenants (4x).

O próximo ano é visto internamente como um turning point para a CS Infra, com os ativos amadurecidos começando a entregar geração de valor.

A expectativa é que, só na frente portuária, a empresa gere um EBITDA adicional entre R$ 180 milhões e R$ 250 milhões em 2026. Em rodovias, a PPP do Piauí deve passar de seis para dez praças de pedágio até o fim do ano que vem. Já o lote de rodovias em Mato Grosso tem início de receita previsto para o último trimestre deste ano.

Na mobilidade, o BRT de Sorocaba já opera sem necessidade de novos investimentos, enquanto a concessão dos terminais na Zona Leste de São Paulo deve começar a gerar receita até dezembro, prevê o CEO.

“O mercado pode esperar um novo patamar de resultado para a companhia a partir de 2026,” disse Quintas.

Em 2024, a CS Infra fez uma receita líquida de R$ 199 milhões, alta de 20% ano contra ano, e registrou um prejuízo de R$ 5,5 milhões – redução de 77% em um ano. 

11745 f8c2799c b120 e06e 976b 4042aa2624e9A CS Infra está de olho em quatro frentes para os próximos leilões: portos, rodovias, mobilidade urbana e infraestrutura social — esta última com foco em escolas e hospitais, uma frente que vem ganhando a atenção de estados e municípios.

Segundo Simões, a CS Infra quer se diferenciar das concorrentes pela sua vocação para a prestação de serviços, com sinergias com outras empresas da Simpar sempre que fizer sentido.

“Essa seletividade faz com que os projetos sejam muito mais restritos. O nosso objetivo é fazer menos investimentos e mais serviços, onde a gente consegue fazer muita diferença,” disse o CEO da Simpar. 

Esse foi o caso da Ciclus Amazônia, onde a companhia precisou mobilizar 2.300 pessoas e 250 equipamentos em dois meses. A operação só foi possível com o suporte da Vamos, responsável pelo fornecimento dos equipamentos.

“Conseguimos essa mobilização rápida e eficiente graças ao apoio da Vamos, que hoje é a empresa com quem alugamos todos os equipamentos que temos lá na Ciclus Amazônia,” disse Quintas.

Mas ele reforça que a escolha por empresas do grupo segue critérios rigorosos de governança.

“Todos os nossos processos passam por cotação no mercado e por regras de suprimentos e governança. Na maioria das vezes, as empresas do grupo acabam sendo as mais competitivas,” disse o CEO da CS Infra.