A Matera – uma empresa de software que fornece infraestrutura bancária digital aos clientes – acaba de levantar R$ 500 milhões com a Warburg Pincus para acelerar sua expansão tanto no Brasil quanto no mercado norte-americano.

Ricardo Chisman 1

A participação negociada pela Matera não foi divulgada. O dinheiro virá do fundo WPGG 14, o maior e mais recente fundo da Warburg Pincus, com US$ 17,3 bilhões sob gestão. 

O presidente da Matera, Ricardo Chisman, disse ao Brazil Journal que as primeiras conversas entre as partes começaram em 2020 mas só esquentaram de fato no ano passado, quando ele se encontrou com executivos do Warburg Pincus em Israel.

“O namoro renasceu depois de um happy hour em um hotel de Tel Aviv em uma viagem que eu estava fazendo de férias,” disse Chisman.

O head da Warburg Pincus no Brasil, Henrique Muramoto, não estava nessa reunião, mas já acompanhava a empresa. 

Segundo Muramoto, o atual patamar da Selic levou a gestora a ser mais conservadora, mas o Warburg encontrou na Matera uma tese que vai além da tecnologia.

“Tecnologia é importante, mas estamos olhando para empresas que criam grandes soluções. E o que nos impressionou é que é muito difícil um cliente decidir sair da Matera,” disse.

A Matera tem uma carteira de quase 300 clientes e fornece soluções de core banking para empresas como C6, Cielo, XP, PagBank e Claro. 

Este é o segundo investimento que a Matera recebe de um private equity em seus quase 40 anos; quatro anos atrás, o Kinea investiu R$ 100 milhões na companhia.

De lá para cá, a empresa quadruplicou de tamanho. No ano passado, a Matera faturou R$ 383 milhões. Este ano, a empresa espera crescer 30% organicamente e mais 10% através de M&As. 

O aporte deve acelerar o crescimento inorgânico – e permitir à Matera estudar alvos maiores. Desde 2022 a Matera investiu um total de R$ 80 milhões em quatro empresas: InfoTreasury, Cinnecta, Onidata e MVAr. 

Segundo Chisman, a Matera agora busca ativos nas áreas de pagamentos instantâneos e também em produtos financeiros voltados para PJs.

O aporte também abre a possibilidade de uma aquisição na América do Norte.

A Matera entrou no mercado americano em 2022 e quer ampliar sua participação começando pelo Fed Now – o Pix americano – nos próximos anos. No Brasil, a companhia tem o maior volume de transações no Pix: 10% de todas as movimentações. 

“Tudo está no radar. Com a robustez do aporte, o céu é o limite, pois ganhamos uma condição de ter maior envergadura e poder de negociação,” disse Chisman.

O Bank of America e o escritório Freitas Leite atuaram como assessores da Matera na transação.