Um empresário brasileiro está colocando de pé uma liga mundial com o sonho de criar “a Fórmula 1 do skate,” numa aposta na relevância que a modalidade ganhou desde que se tornou um esporte olímpico em 2016.

A ideia da liga — que vai se chamar SB1 (Skateboard 1) — é replicar o modelo que funcionou para Bernie Ecclestone na F1: dez etapas por temporada, em diferentes países, com cada uma rendendo pontos para o ranking. O atleta que somar mais pontos no final da temporada de seis meses será o campeão.

A SB1 terá oito equipes (com quatro skatistas cada) e, assim como na Fórmula 1, haverá pontuação e premiação por equipe. A ideia é que cada uma dessas equipes tenha por trás uma marca, que também pagará um licenciamento anual à liga. 

“O skate é o esporte mais contemporâneo que existe, porque é de altíssimo rendimento e traz elementos muito fortes de cultura e lifestyle,” Diogo Castelão, o empresário por trás da SB1, disse ao Brazil Journal. “Os skatistas se vestem com um estilo específico para competir, têm a expressão artística do street art e uma ligação com a música, com o hip hop. Não faz sentido não existir uma liga mundial relevante que trate o skate de forma profissional durante todo o ano.”

A SB1 é uma evolução da STU (Skate Total Urbe), uma competição de skate que Diogo criou em 2017 dentro de sua holding Rio de Negócios. 

A STU hoje tem dois circuitos: o National, apenas para brasileiros e focado em revelar novos talentos, e o Pro Tour, um circuito internacional que começou este ano, com premiações relevantes e etapas no Rio de Janeiro, Porto Alegre, São Paulo e Suécia.

09 12 Diogo Castelao ok

Segundo Diogo, o Pro Tour já é a maior competição internacional de skate, considerando a premiação e audiência. Cada etapa paga cerca de US$ 550 mil em premiações — um total de US$ 2,2 milhões. A etapa de Porto Alegre atraiu uma audiência de 3 milhões de pessoas na CazéTV e de mais de 15 milhões na Globo. 

Mas o empresário quer escalar ainda mais o negócio. Rebatizada de SB1, a liga vai adotar o formato parecido ao da Fórmula 1 e passará a ter apenas uma etapa no Brasil – as outras nove serão no exterior. 

O plano é ter provas no Japão, China, Austrália, Indonésia, Alemanha, Arábia Saudita, Emirados Árabes, Reino Unido, Suécia e Estados Unidos — mas as negociações ainda não foram concluídas. 

Os eventos da STU não se restringem à competição. Em todos os eventos, a empresa constrói uma vila, chamada Urb, para as principais marcas de skate, além de organizar um festival de música com artistas nacionais e internacionais da cena de hip hop — criando oportunidades de ativações inteligentes para as marcas patrocinadoras com temas relacionados ao skate.

“O skate não é só um esporte, é um lifestyle, por isso a gente criou um ecossistema de cultura urbana em vez de apenas uma competição,” disse Diogo, que já trabalhou em pequenos bancos de investimento e na Farm, no início da empresa de moda.

A STU tem 60 funcionários dedicados aos eventos, boa parte deles skatistas, ex-skatistas ou profissionais do skate, como filmmakers e fotógrafos especialistas no esporte.

A SB1 não é a primeira liga internacional de skate. Nos Estados Unidos, a Street League Skateboarding (SLS) existe desde 2010 e é a maior competição do país — que por sua vez é o maior mercado do mundo para o skate. 

Mas apesar de se propor a ser uma liga internacional, a SLS nunca ganhou tração: no ano passado, teve apenas três etapas e pagou uma premiação menor que a da Pro Tour (US$ 1,8 milhão), disse Diogo. 

“Nosso objetivo é colocar o skate na primeira prateleira dos esportes mundiais. O produto é muito consistente e gera muito engajamento, mas para isso acontecer entendemos que o skate mundial tem que estar alinhado num calendário anual. Tem que ter uma liga forte, como a NBA ou a NFL,” disse ele. 

Nos últimos meses, Diogo viajou quatro vezes à Itália para se reunir com o presidente da World Skate, a entidade máxima do esporte responsável pelas competições mundiais e o calendário olímpico. 

“Nossa discussão com a World Skate é para que o calendário mundial tenha as competições olímpicas e a temporada de seis meses da SB1,” disse o empresário.

A STU/SB1 é o maior negócio de Diogo, cuja holding Rio de Negócios possui outros ativos nos mercados de esportes e entretenimento, como o festival Universo Spanta, que acontece todos os anos na Marina da Glória, no Rio, e é um misto de bloco de carnaval com festival de música.

No ano passado, o negócio de skate da holding movimentou R$ 37 milhões e gerou um lucro de cerca de R$ 7 milhões. Cerca de 80% da receita vem de patrocinadores, incluindo empresas como a Petrobras, Banco BV, Red Bull e Heineken.

A companhia investe pelo menos R$ 2 milhões por ano em capex para reformar ou construir novas pistas de skate em áreas públicas: nos últimos 9 anos, construiu ou reformou 30 pistas, incluindo a de street do Parque Villa Lobos, em São Paulo.

Com a expansão do negócio, Diogo disse que está tirando a STU/SB1 da Rio de Negócios e a transformando numa empresa independente. Ele também está em negociações para um investimento minoritário na empresa, que seria feito por um player “muito conhecido do universo de esportes.” 

Segundo ele, a empresa não precisa de recursos, já que o negócio é gerador de caixa e tem um modelo sustentável, “mas fomos abordados e passamos a aprofundar as conversas com um grupo específico porque achamos que há muitas sinergias.”

A expectativa é que o lançamento oficial da SB1 aconteça no final deste ano ou início do ano que vem. A primeira temporada deve ser entre agosto e dezembro.