A Lojas Americanas anunciou uma proposta para unificar suas classes de ações, acabando com o controle alavancado que trouxe a empresa até aqui e migrando para uma estrutura de full corporation com o potencial de criar um dos papéis mais líquidos do varejo.
Pela proposta, o veículo de investimento dos acionistas controladores — Jorge Paulo Lemann, Carlos Alberto Sicupira e Marcel Telles — passará a ser um acionista de referência da companhia, com uma participação de 29,2% da Americanas SA. O free float do papel será de 70,8%.
Depois de décadas resistindo a simplificar a estrutura acionária da companhia, os controladores agora deram um passo além e abriram mão do prêmio de controle: cada ação da Lojas Americanas (LAME3 e LAME4) vai ser convertida igualmente em 0,1860 ação da Americanas SA (AMER3).
Mas para começar essa nova fase como uma empresa de capital pulverizado, a companhia está propondo um poison pill de 15%, limitando a capacidade de um outro grupo de acionistas conquistar mais poder na companhia do que os sócios originais.
“Admitimos que nossa estrutura anterior era complexa, mas essa é uma demonstração de que nosso acionista de referência está tão interessado quanto todos na criação de valor e na melhor forma de fazê-lo,” o CEO Miguel Gutierrez disse ao Brazil Journal.
A proposta vai ser avaliada pelos acionistas minoritários numa AGE em 10 de dezembro.
Na apresentação que acompanha a proposta, a companhia fez questão de sublinhar que o controle definido serviu bem às Lojas Americanas.
O GMV da companhia aumentou 26x entre 1999 e 2020, e o EBITDA, 133x.
Os controladores hoje detêm 53,2% da Americanas SA: 14,4% de forma direta e 38,8% por meio da holding Lojas Americanas SA (LASA). Na LASA, eles têm 60,8% das ONs, daí o controle.
Além de simplificar a estrutura societária, a proposta anunciada hoje elimina o desconto de holding, aumenta a liquidez do papel e simplifica o entendimento da companhia.
Num próximo passo, já no ano que vem, a companhia estuda migrar seu domicílio para os EUA, criando a Americanas Inc. e listando a companhia numa bolsa americana.
Neste caso, os acionistas brasileiros poderão escolher entre receber BDRs ou ficar com a ação listada lá fora, mas fontes da companhia enfatizam que a ideia ainda está sendo debatida.