O controlador da L’Occitane – o bilionário austríaco Reinold Geiger – fez uma proposta para fechar o capital da companhia, avaliando a empresa de beleza e cosméticos em US$ 6,4 bilhões.
O valor proposto – HK$ 34 por ação – representa um prêmio de 61% em relação à média do preço do papel nos 60 dias antes da paralisação da negociação, no início de abril. No último dia de negociação, a ação da companhia havia fechado em HK$ 29,50.
O preço supera o valor máximo alcançado pela ação desde o IPO em 2010, que foi de HK$ 33,60.
Geiger, que se tornou acionista da L’Occitane em 1994, hoje possui 72,6% da companhia.
A oferta já nasce com o apoio de 25,79% do float, enquanto detentores de outros 12% se comprometeram a recomendar a oferta.
Geiger disse que uma combinação de dinâmicas da indústria justifica o fechamento de capital, já que a L’Occitane precisa de investimentos significativos em marketing, na revitalização de lojas, tecnologia e atração de talentos.
“Esses investimentos implicariam em mais despesas para estabelecer as bases para o crescimento a longo prazo,” o que poderia desagradar investidores.
A oferta de Geiger será financiada por um empréstimo do Crédit Agricole e financiamento adicional fornecido por fundos da Blackstone e da Goldman Sachs – e deve encerrar uma novela que dura quase um ano.
Em agosto passado, a L’Occitane confirmou que Geiger estava negociando o fechamento de capital da companhia. Um mês depois, Gieger desistiu da saída da Bolsa de Hong Kong para, agora, voltar com a proposta.
O mercado vem especulando sobre o futuro da companhia, que já trocou o comando três vezes desde 2021.
Geiger, que se tornou um acionista minoritário da L’Occitane em 1994 e tomou o controle da companhia dois anos depois, decidiu deixar o cargo de CEO em 2021, quando promoveu André J. Hoffman, seu sócio há três décadas.
Mas em janeiro, a L’Occitane anunciou que Hoffmann seria substituído em abril por Lauren Marteau, um executivo com 20 anos de LVMH.
“À medida que nosso grupo cresce, precisamos evoluir”, Geiger disse na época do anúncio.
Há dúvidas também se os filhos de Geiger, que possuem altos cargos na L’Occitane, assumirão o comando em algum momento: enquanto Adrien é o CEO global da marca L’Occitane en Provence, o primogênito Nicolas é o principal executivo das Américas.
Também se especula no mercado uma relistagem da companhia na Europa ou nos Estados Unidos, o que na visão dos controladores poderia acontecer num múltiplo mais alto.
Isso porque a Ásia é a região em que a empresa está em maior dificuldade. Nos nove meses do ano fiscal da companhia, a receita originada da Ásia caiu 1,2%, enquanto Américas e Europa subiram 59,5% e 4%, respectivamente.
Hoje o continente americano representa 41,5% das vendas da L’Occitane, seguido pela Ásia com 35,5%, e, por último, a Europa com 23%.
Nos nove meses do ano fiscal de 2024, a L’Occitane faturou € 1,9 bilhão, um crescimento de 19% em relação ao mesmo período do ano passado.
A companhia possui 3.000 lojas em 90 países.