O Itaú BBA acaba de elevar sua recomendação para o BTG Pactual de ‘neutro’ para ‘compra’ e aumentar suas estimativas para o lucro do banco de André Esteves e avaliar que os riscos para o negócio diminuíram.
O upgrade – junto com um novo preço-alvo de R$ 38 por ação – vem nove meses depois do Itaú rebaixar sua recomendação citando o prêmio do BTG em relação aos concorrentes.
No relatório, o analista Pedro Leduc admite que errou ao manter o call ‘neutro’ para o BTG por muito tempo.
“Preferimos estar um pouco atrasados [no call de compra] do que continuar errados por mais tempo,” escreveu o analista.
“A ação está hoje em R$ 29, semelhante ao nível que estava quando demos nosso downgrade. A diferença é que os lucros projetados para os próximos 12 meses estão 20% acima do que estavam naquela época,” disse Leduc. “O de-rating massivo coloca a ação negociando a 9,5x o lucro estimado para o ano que vem, e achamos que ela merece um re-rating para 12x.”
O novo preço-alvo embute um upside potencial de cerca de 30%.
Segundo Leduc, muitas de suas preocupações em relação à tese do BTG foram mitigadas: o risco no mercado de crédito corporativo caiu significativamente, com o retorno recente do mercado de DCM; a vertical de ‘sales and trading’ “passou no teste” e se provou ser mais relacionada à atividade do cliente; e o novo governo tem se mostrado mais racional no uso dos bancos públicos e do BNDES.
Além disso, “uma reforma tributária mais ampla está no foco, em vez de atacar setores e benefícios específicos,” o que poderia prejudicar os bancos.
O Itaú elevou suas estimativas para o lucro do BTG de forma relevante, em 20% e 24% para este ano e o ano que vem, respectivamente, para R$ 10,4 bilhões e R$ 12,3 bilhões.
O Itaú lembra que em janeiro se iniciou um “limitado credit crunch no mercado corporativo” com a crise de Americanas.
“Esse era um motivo chave para nossa visão mais cautelosa para o BTG, dado que seus spreads para provisões para os defaults que ele carregava eram limitados,” escreveu o analista. “Ou por sorte ou por esperteza, a companhia conseguiu desviar dessa bala, e isso pode até levar a mais ganhos.”
“Estamos vendo condições de crédito muito melhores nas últimas semanas, com os spreads do mercado secundário fechando, fundos de crédito performando melhor e novas emissões voltando.”
Segundo o Itaú, o BTG provavelmente se aproveitou do estresse do mercado secundário para construir um portfólio que agora pode carregar com altos spreads, ou gerar mais negócios distribuindo na sua vertical de wealth management e na asset.
Sobre o sales & trading, o analista diz que ela passou “muitos testes e merece um múltiplo melhor.”
“Outra razão para o nosso downgrade era que sales & trading estava respondendo por boa parte do crescimento e não era um negócio que deveria ter múltiplos altos,” diz o relatório. “Agora, fizemos as pazes com essa linha e estamos atribuindo um múltiplo maior a ela ao entender que ela está muito ligada à atividade do cliente em crédito e no wealth e na asset.”
Segundo o analista, a vertical passou no teste depois de atravessar a alta volatilidade de mercado, a baixa atividade dos clientes e um mercado em que muitos bancos sofreram perdas grandes.
O Itaú está atribuindo um múltiplo de 15x lucro para a este business em comparação ao múltiplo anterior de 7x.