O Itaú BBA rebaixou hoje a ação do BTG Pactual para ‘market perform’ — fazendo o papel do banco de André Esteves cair quase 5% num dia de Bolsa de lado. 

“As entregas têm sido ótimas e nossas estimativas praticamente não mudaram,” escreveu o analista Pedro Leduc. “É nos múltiplos de valuation que vemos razões para questionar.”

Segundo ele, o ROE de 20% do BTG não é mais uma vantagem comparativa em relação aos grandes bancos, já que eles também têm entregado esse mesmo nível de ROE. 

“O crescimento do BTG também tem sido mais dependente de capital, e a expansão de 12% para 2023 é semelhante [à dos grandes bancos] com desafios equivalentes se o crédito corporativo se deteriorar.”

Nas contas do Itaú, o BTG negocia hoje a um múltiplo de 12x o lucro estimado para o ano que vem, em comparação a 6,5x dos grandes bancos. O price to book está em 2,1x, em comparação a 1x dos bancões. “Isso significa um prêmio relevante embutido nos negócios de alto crescimento e altas taxas do BTG,” escreveu o analista. 

Para justificar esse prêmio, “teríamos que contar com um crescimento maior e/ou um risco menor, e não vemos nenhum desses fatores no curto prazo.”

“Alguém poderia argumentar que os lucros do BTG seriam maiores se ele não estivesse investindo em crescimento (por meio de sua unidade digital), mas todos os outros bancos também estão investindo,” escreveu Leduc. 

O Itaú reduziu o preço-alvo de R$ 34 para R$ 31, que implica um múltiplo de 13x o lucro do ano que vem. Leduc disse que continua gostando da história do BTG para o longo prazo, mas que vê um risco-retorno “justo” nos múltiplos atuais. 

O analista reduziu em 1% sua estimativa para o lucro líquido do BTG em 2023 — que agora é de R$ 8,9 bilhões (um ROE de 19%) — e reduziu a projeção para os resultados da vertical de crédito corporativo em 5%. 

Além do Itaú, apenas o Citi tem recomendação neutra para o BTG. Bradesco, UBS BB, Safra, Santander, Morgan Stanley e Goldman Sachs têm recomendação de compra.