A Méliuz comprou hoje mais R$ 160,8 milhões em bitcoin — alocando praticamente todo o seu caixa na criptomoeda e consolidando sua estratégia de se transformar numa ‘bitcoin treasury company’.

A compra veio dois meses depois da companhia de cashback fazer seu primeiro investimento em bitcoin, quando comprou R$ 24 milhões na criptomoeda e disse que estava avaliando se aumentava a aposta.

11337 ff6a8e76 9be6 7d64 4397 a0ead2b08b83O mercado gostou da nova estratégia, que reacendeu o interesse dos investidores por uma ação que estava praticamente largada na Bolsa.

De lá para cá, a ação da Méliuz se multiplicou mais de 2,5x, com o papel saindo de R$ 3,26 para os R$ 8,35 de hoje. A liquidez do papel subiu mais ainda: saindo de um volume médio diário de R$ 4 milhões para os R$ 45 milhões de agora.

No mesmo período, o bitcoin subiu cerca de 20%.

“Teve muita gente nova entrando na ação por conta dessa estratégia. Atraímos a atenção do público cripto, que é um público muito maior que o investidor de Bolsa,” o chairman e fundador Israel Salmen disse ao Brazil Journal. “Tem umas 20 milhões de pessoas que investem em cripto hoje e só umas 5 milhões em Bolsa.”

A compra de hoje — de 274,5 bitcoins — foi feita a um preço médio de US$ 103,6 mil por bitcoin. No final da tarde, o bitcoin negociava a US$ 103,4 mil. Com a aquisição, a Méliuz passa a ter 320 bitcoins em caixa, tornando-se a 42ª empresa do mundo com mais bitcoins em posse.

A líder do ranking (e o grande benchmark da Méliuz) é a Microstrategy, que tem 568,8 mil bitcoins e vale US$ 110 bilhões na Bolsa.

Israel disse que o plano é usar todo o caixa gerado pela operação para comprar mais bitcoins. Se seguir o mesmo caminho da Microstrategy, a Méliuz também deve buscar recursos para novas compras com follow-ons e captações de dívidas conversíveis.

Após a compra de hoje, a Méliuz ficou com apenas R$ 60 milhões no caixa — o suficiente para cobrir os custos da companhia (caso ela não tivesse mais receita) por seis meses.

A nova compra de bitcoin foi feita depois da companhia aprovar numa assembleia de acionistas hoje à tarde mudanças no estatuto que permitiram a alocação.

A Méliuz convocou essa assembleia um mês atrás, e ofereceu hoje um direito de recesso aos acionistas no valor de R$ 3,93/ação. 

Junto com a divulgação da compra, a Méliuz reportou também seus números do primeiro trimestre. A companhia fez uma receita líquida de R$ 100 milhões, 22% maior que a de um ano atrás, com um EBITDA de R$ 17,8 milhões, 3x maior que o do mesmo período do ano passado.

A geração de caixa foi de R$ 9 milhões no período.

A Méliuz vale R$ 751 milhões na Bolsa.