Ainda se recuperando das acusações de fraude contábil que quase fizeram a empresa naufragar há um ano e meio, o IRB está renovando a sua administração.
Depois da chegada de Raphael Carvalho, que assumiu como CEO em 1 de outubro, o IRB anunciou ontem Willy Otto Jordan Neto como seu novo CFO.
Willy — que ocupou o mesmo cargo no Banco Luso Brasileiro (2018- 2019) e na Cetip (2014 a 2017) — substitui Werner Süffert, que pediu demissão há 20 dias alegando razões pessoais.
Raphael — que foi CEO das operações da MetLife no Brasil e na Colômbia por seis anos — chega ao IRB depois da resseguradora passar seis meses com um presidente interino, Wilson Toneto.
Com as duas mudanças, os dois executivos que lideraram a reestruturação do IRB — Antonio Cássio dos Santos, como CEO, e Werner, como CFO — deixaram o dia a dia da companhia. Cássio ainda é presidente do conselho.
A dupla assumiu a empresa em março de 2020 depois que a administração anterior foi afastada — entre outros motivos por ventilar o boato de que a Berkshire Hathaway havia comprado ações do IRB. O rumor foi desmentido publicamente pelo próprio Warren Buffett.
A mentira foi uma tentativa de defender a cotação do IRB depois que a empresa ficou na berlinda com questionamentos ao seu balanço levantados pela Squadra.
A nova administração encontrou fraudes nas demonstrações financeiras e republicou os resultados de 2019 e de 2020. Desde que saiu a carta da Squadra, que até hoje mantém uma posição vendida nas ações, os papéis do IRB acumulam queda de 83%. A ação hoje negocia ao redor de R$ 5.
Em relatório no início do mês, o Credit Suisse diz que a empresa está no caminho certo mas ainda enfrenta um cenário desafiador. Os analistas cortaram o preço-alvo de 12 meses de R$ 7,50 para R$ 5, e mantiveram o papel como “underperform”.
O Credit Suisse diz que o mercado aguarda um guidance do novo CEO ou mudanças na estratégia da companhia.
Os analistas avaliaram que, apesar da alta dos juros ajudar as receitas financeiras do IRB, o ressegurador ainda não terminou seu processo de “re-underwriting”, que vai continuar pesando nos resultados da empresa em 2022. Nesse processo, a empresa reavalia contratos e cancela aqueles com resultados ruins — abrindo mão de faturamento em busca de melhores margens.
Os analistas do CS estimam que o IRB encerrará o ano com prejuízo de R$ 45 milhões mas voltará a ter lucro em 2022 (R$ 350 milhões), o que implicaria um ROE “fraco” de 8,7%.
Antes da carta da Squadra, o ROE reportado pelo IRB era de 34% — muito acima de outros players do setor, o que instigou a gestora a examinar a empresa.
Bradesco e Itaú, respectivamente com 15,7% e 11,5% da empresa, continuam sendo os acionistas de referência do IRB. Mas o papel, até pelo baixo valor das ações, se tornou um dos preferidos por day traders e pessoas físicas: 285 mil investidores têm a ação da empresa, que continua rendendo muito assunto no Twitter.