Numa decisão que vai gerar ondas de choque no mercado financeiro, a Polícia Federal prendeu nesta manhã o CEO do Banco BTG Pactual, André Esteves, um banqueiro sempre tido como muito próximo do Governo federal. André Esteves 

A decisão do Supremo Tribunal Federal, a pedido da Procuradoria Geral da República, vem depois de meses de especulações do mercado sobre o envolvimento de Esteves em negócios com o PT.

Ao longo de todo este tempo, Esteves tem mantido que todos os seus negócios são lícitos, chegando a dizer que um deles, o investimento do BTG em ativos da Petrobras na Africa, constituía um contrato ‘à prova de Jornal Nacional’, que poderia ser examinado por todos sem que nenhuma dúvida pudesse ser levantada quanto à sua legitimidade.

Em outro possível foco da investigação, a Fazenda Cristo Rei, que pertencia ao pecuarista José Carlos Bumlai, foi comprada por Esteves num episódio que envolveu uma dação em pagamento de Bumlai para o BTG, e uma posterior venda da fazenda para o próprio Esteves. O mercado sempre apontou a transação como sendo atípica, dado que não é perfil do BTG conceder crédito ao agronegócio.

Até a publicação desta nota, as acusações contra Esteves não eram conhecidas. A prisão é de caráter temporário, que tem prazo de cinco dias prorrogáveis por mais cinco.

Causa preocupação o que pode acontecer com o BTG, um banco de investimentos de grande porte, com presença global, sócios internacionais, ações listadas na Bolsa, e cujo maior acionista e CEO é, agora, investigado pela Lava Jato. Em junho deste ano, a mera menção a Esteves num bilhete de Marcelo Odebrecht causou uma queda forte na ação do banco, um papel de relativamente pouca liquidez que tem sido defendido por sua própria tesouraria.

O BTG, que herdou parte do nome do antigo Banco Pactual, foi moldado num binômio de meritocracia e excelência, com um modelo de negócios inspirado nas grandes partnerships de Wall Street, como a Goldman Sachs. No entanto, sempre foi muito dependente, também, da ousadia e propensão a risco de seu fundador, que se traduz frequentemente nos resultados expressivos de sua tesouraria.

A PF prendeu também o senador Delcidio do Amaral (PT-MS). É a primeira vez que um senador da República é preso no exercício do mandato.

Correção:  Uma versão anterior desta nota informava erroneamente que a prisão de Esteves não tinha prazo definido para soltura.