A Kovi acaba de levantar R$ 500 milhões numa rodada que vai financiar a expansão geográfica da startup de aluguel de carros — incluindo sua entrada em países como Colômbia, Peru e Chile — bem como o crescimento de sua recém-criada corretora de seguros.
A rodada Série B foi co-liderada pela Valor Capital e pela Prosus Ventures, a antiga Naspers.
Também participaram da captação os fundos Quona, GFC, Monashees, Ultra Venture Capital, Globo Ventures, Maya Capital e ONEVC — além do co-fundador do Tinder, Justin Mateen, e Peter Thiel, co-fundador do PayPal. Os fundos Norte e PiPo também participaram.
A rodada é a terceira da Kovi desde que ela foi fundada em 2018 por Adhemar Milani Neto, um ex-executivo da 99 que teve a ideia de criar a empresa quando viu a dificuldade dos motoristas de aplicativo em conseguir financiamento ou alugar um carro nas locadoras tradicionais.
A grande inovação da Kovi foi dar acesso a esses motoristas subvertendo o modelo tradicional das locadoras de automóveis, em que elas compram os carros com desconto, exploram o ativo por 12 a 18 meses e depois revendem em suas lojas de seminovos.
A Kovi é um bicho diferente: tipicamente, ela aluga os carros direto das montadoras num contrato de leasing e depois os subloca para os motoristas de app agregando serviços como seguro, guincho, atendimento 24h e manutenção preventiva.
O modelo permite expandir o negócio sem imobilizar capital.
Outro diferencial está na gestão da frota e do risco de crédito. A Kovi desenvolveu um motor de crédito próprio, que permite analisar o risco dos motoristas darem calote ou sofrerem algum acidente/furto com o carro.
“Temos milhões de dados que coletamos nos últimos anos e conseguimos usá-los para prever e diminuir o risco. Tratamos o aluguel do carro como um cartão de crédito,” Adhemar disse ao Brazil Journal. “Além disso, 100% da nossa frota é conectada e temos diversos alertas de segurança.”
A Kovi já tem quase 12 mil carros alugados na rua — 1% da frota de 1,2 milhão de carros alugados no Brasil — e espera faturar R$ 150 milhões este ano. No mês passado, o run rate estava em R$ 230 milhões. A startup ainda queima caixa, mas espera chegar no breakeven ainda este ano.
Agora, a Kovi vai usar os recursos da rodada para acelerar sua expansão geográfica, entrando em países como Colômbia, Peru e Chile. A escolha dos CEPs tem a ver com a dinâmica desses locais, que têm uma realidade parecida com a do Brasil e com o fato de todos terem grandes metrópoles para serem exploradas.
A Kovi já tem um histórico fora do Brasil. Ela opera desde 2019 no México, onde virou a maior locadora de carros para motoristas de app. No ano passado, a operação cresceu 6x no país.
Apesar de operar num modelo asset light, Adhemar disse que a Kovi precisa do capital para fortalecer seu balanço e conseguir os contratos de leasing com os bancos e montadoras.
“Quando vão fornecer os carros eles olham para o nosso balanço… Então, precisamos ter um balanço mais robusto para conseguir aumentar nossa frota, principalmente nessas novas geografias que vamos entrar,” disse ele.
Outro plano da Kovi é dar tração a sua operação de seguros, que foi lançada há três meses em parceria com a UseBens, uma seguradora do Grupo Rodobens.
A Kovi opera como uma corretora, vendendo os seguros da UseBens e ganhando uma comissão por cada venda. Mas a parceria vai além: os seguros vendidos são desenhados a quatro mãos pelas duas empresas e a Kovi usa seus dados para conseguir precificar melhor os seguros e calcular o risco dos sinistros.
“São operações similares e com complementaridades muito óbvias,” disse o fundador. “Temos muitos dados de batidas, sinistros dos nossos motoristas de app e nosso algoritmo de machine learning consegue prever muito bem esse risco.”