A Kinea está investindo R$ 400 milhões na Alvorada, a maior varejista de produtos agropecuários do Brasil, com 37 lojas e faturamento de R$ 1,5 bilhão. 

O investimento dá à Kinea uma participação minoritária e um assento no conselho da companhia, fundada há 36 anos por Feres Soubhia Filho em Dourados, no Mato Grosso. 

Feres Soubhia FilhoO investimento da Kinea permitirá à Alvorada tentar consolidar um mercado ainda muito fragmentado. A empresa tem menos de 10% de market share num segmento onde mais de 30.000 revendas faturam cerca de R$ 30 bilhões por ano.

“Eles estão no começo da cadeia de carne, que é um setor vencedor e de destaque no Brasil,” Cristiano Lauretti, o head de private equity da Kinea, disse ao Brazil Journal.

Enquanto empresas como Agrogalaxy e Lavoro são focadas 100% na agricultura, a Alvorada é focada no pecuarista, que representa mais de 80% de seu faturamento. 

Suas lojas vendem desde medicamentos veterinários para o rebanho – de farmacêuticas como Zoetis e Bayer – até herbicidas usados na pastagem dos bois e o arame farpado usado para delimitar propriedades. No total, são mais de 30 mil SKUs diferentes. “Tem de tudo. Eles são um ‘one-stop shop’ dos pecuaristas,” disse Conrado Pietraroia, do Kinea.

A decisão da Alvorada de trazer um private equity teve a ver com as dores do crescimento, segundo o fundador. 

“Nós vínhamos de um crescimento de 20% ao ano, mas de uns anos pra cá as coisas começaram a ficar bem mais difíceis,” disse Feres. “Quando você tem quatro lojas e abre uma, você cresce 25%. Quando você tem 40 você tem que abrir 10 para crescer o mesmo.”

A capitalização deve fazer a Alvorada mais que quadruplicar, abrindo cerca de 100 lojas (cada uma demanda um capex de cerca de R$ 3 milhões). O plano, segundo Feres, é abrir 15 lojas por ano, adensando os sete Estados onde a rede está presente e entrando em novos mercados. 

Um dos focos prioritários será entrar nas regiões de São Paulo, Minas e Rio Grande do Sul, onde a “pecuária é muito forte.” A empresa hoje não tem operação nesses estados.

Em algumas regiões, a entrada poderá ser via M&As, comprando uma marca já conhecida pelos pecuaristas locais. 

Feres disse que o faturamento não deve crescer na mesma velocidade que o parque de lojas porque, tipicamente, uma loja da Alvorada leva de sete a oito anos para maturar. 

“É o tempo do pecuarista ir conhecendo e confiando na gente,” disse ele. “Claro que, nas regiões onde já estamos, esse tempo é bem menor.”

Feres fundou a Alvorada pouco depois de se mudar para Dourados, onde sua família tinha uma propriedade rural. Ele disse que usou o bom relacionamento que tinha com os pecuaristas da região para empreender num setor onde ele via uma grande oportunidade de crescimento.

Mas as coisas não aconteceram do dia pra noite. Depois da primeira loja, a Alvorada levou 15 anos para abrir a segunda. A empresa sempre cresceu com geração de caixa próprio, e quase não têm dívida.