A Kimberly-Clark acaba de anunciar a compra da Kenvue — o spinoff da Johnson & Johnson que produz o Tylenol — por US$ 40 bilhões, uma das maiores aquisições do ano.
Na transação, que atribuiu um enterprise value de US$ 48,7 bilhões à Kenvue, a dona da Kleenex se comprometeu a pagar US$ 21,01 por ação, um prêmio de 46% em relação ao fechamento de sexta, a US$ 14,37.
A ação da Kimberly-Clark desabou ao longo do dia e fechou em queda de quase 15%, enquanto o papel da Kenvue subiu 12%. Nos últimos 12 meses, as ações recuam 23% e 29%, respectivamente.
O acordo — uma tentativa da Kimberly-Clark de recuperar suas margens, hoje inferiores às de rivais como Unilever e P&G — criará uma gigante com receitas anuais de US$ 32 bilhões e foco em bem-estar e saúde, áreas que têm ganhado cada vez mais importância para o consumidor final.
O negócio deve gerar US$ 2,1 bilhões em sinergias, disseram as empresas.
Antes de poder ser a solução dos problemas da Kimberly-Clark, no entanto, a Kenvue, que também fabrica marcas como Band-Aid e Listerine, vai precisar de ajuda.
Com resultados fracos desde o spinoff da Johnson & Johnson em 2023, a empresa passou a sofrer pressões de acionistas ativistas que desejavam vendê-la ou, no mínimo, enxugar seu portfólio.
Em julho, um grupo composto por gestoras como Starboard Value, TOMS Capital e Third Point derrubou o CEO Thibaut Mongon.
Fontes do Wall Street Journal afirmam, inclusive, que as casas pressionaram pelo negócio com a Kimberly-Clark.
Mas o M&A quase ruiu após a Kenvue virar alvo de uma campanha liderada pelo Governo Trump, que afirma (sem base científica conclusiva) que o paracetamol — o princípio ativo do Tylenol — é causador de autismo.
A empresa afirma que há “evidências esmagadoras” que contradizem as acusações, mas não conseguiu evitar o impacto negativo na sua ação.
Nessa linha, temores sobre possíveis custos legais que o imbróglio pode trazer no futuro, a exemplo do que ocorreu no deal entre Bayer e Monsanto, ajudam a explicar a queda da ação da Kimberly-Clark após o anúncio.
Após a conclusão da transação, prevista para o segundo semestre do ano que vem, os acionistas da Kimberly-Clark serão donos de 54% da nova empresa.
A Kimberly-Clark vale US$ 35 bilhões na Bolsa. A Kenvue vale US$ 32 bi.
  










