A JSL já mandatou três bancos para a cisão e o IPO de sua área de locação de caminhões e máquinas.
Por enquanto, BTG, Bradesco e Santander foram contratados, mas o sindicato deve crescer para incluir mais bancos nas próximas semanas.
Esta seria a segunda operação societária da JSL para gerar valor. Em fevereiro, a Movida — então uma subsidiária integral da companhia — foi listada separadamente, e suas ações sobem 17% desde então.
Agora, o objetivo da JSL é fazer o ‘spinoff’ de sua divisão de aluguel de caminhões para empresas, uma espécie de ‘Locamérica de veículos pesados’, nas palavras de uma fonte próxima à companhia.
Este negócio — que aluga caminhões e gerencia frotas pesadas para empresas como Dreyfus e Cosan — deve representar cerca de um terço do EBITDA do grupo JSL (excluindo a Movida), que somou R$ 788 milhões nos últimos doze meses encerrados em junho.
No novo spinoff, a JSL vai separar um negócio que é muito intensivo em capital numa tentativa de reprecificar o resto da companhia. Enquanto os serviços de logística dedicada – o coração da empresa — exigem pouco investimento, o aluguel de caminhões deixa o balanço pesado.
A JSL já tem em seu balanço uma subsidiária que é dona destes ativos, a JSL Locação de Máquinas e Veículos Pesados Ltda.; esta empresa deve ser renomeada Vamos, e a JSL tentará vender parte de suas ações no negócio.
“Agora que o mercado já entende Movida, Locamérica e Localiza, vai ser mais fácil entender este negócio, que é essencialmente o mesmo das outras, com a diferença de que a JSL não tem concorrentes neste negócio.”
O negócio funciona da seguinte maneira: a JSL compra os caminhões e firma contratos de aluguel de cinco anos com as empresas – o prazo é maior que os três anos dos veículos de passeio, mas a vida útil dos caminhões também é maior. Ao fim do aluguel, a JSL vende os caminhões seminovos.
Um outro gestor chama atenção para as diferenças em relação às locadoras de carros. “Não sei quão líquido é o mercado de caminhões, mas provavelmente é bem menos líquido”, afirma. Outra questão diz respeito à diversidade de modelos. “Quanto menos diversificada a frota, mais poder de negociação ela ganha com as montadoras”.
Quando fez o IPO da Movida, a JSL se confrontou com um mercado cético e decidiu fazer apenas uma oferta primária, que desalavancou a Movida. (A JSL ainda detém 65,6% da locadora). Agora, como o negócio de frotas pesadas não é alavancado, a ideia é fazer uma oferta secundária para reduzir o endividamento da própria JSL, que está em de 4,57x sua geração de caixa.
Resta saber quanto vale. No negócio de locadoras, os investidores focam no retorno sobre o capital investido. Como a Localiza tem um ROIC de 15%, sua ação negocia a 4,5 vezes seu valor patrimonial. Já a ação da Movida, que deve apresentar este ano um ROIC entre 8% e 9%, negocia a 1,4 vezes seu valor patrimonial.