A Ânima Educação continuou apertando todos os parafusos para obter melhorias operacionais, devolvendo imóveis e cortando camadas de burocracia para deixar a empresa mais ágil – num momento em que seu modelo híbrido de ensino começa a dar fruto.
A margem EBITDA do quarto tri subiu 2,4 pontos na comparação anual para 21,1%; o consenso do sellside era de 22,3%.
Mas a companhia notou que, excluindo one-offs e usando a contabilidade Brazilian GAAP – que computa o aluguel como um custo em vez de uma dívida – a margem EBITDA dos últimos doze meses foi a melhor dos últimos cinco anos, fechando o ano em 30,1%.
A melhora na margem foi o resultado de medidas que a companhia tomou na frente de custos. Ao longo do ano passado, a Ânima entregou 20 de seus 101 prédios, o que já começou a gerar uma redução no custo de aluguel.
A Ânima deve continuar devolvendo prédios ao longo deste ano para reduzir seu custo de ocupação abaixo do nível pré-pandemia, quando esse custo girava em torno de 8% da receita. Após a compra da Laureate, esse valor subiu para 10%, dado que a Laureate gastava em torno de 12% da receita com ocupação.
“O custo de ocupação e aluguel vai baixar para níveis não vivenciados pela Ânima antes,” o CEO Marcelo Battistella Bueno disse ao Brazil Journal. “Com o modelo híbrido que adotamos, a nossa única certeza é que vai sobrar espaço físico.”
A Ânima também reduziu os reports ao CEO de 12 para 8. “Isso, somado à redução do aluguel, melhorou o resultado da empresa e levou a Ânima ao melhor EBITDA da sua história recente.”
No ano passado, a Ânima ajustou seu modelo de ensino híbrido, customizando a exigência de presença física para cada curso. Graduações como engenharia, TI, gestão e arquitetura, por exemplo, vão menos ao campus e usam mais tecnologia, enquanto a área de saúde prefere estar mais presencial.
Segundo o CEO, essa adaptabilidade tende a se refletir num aumento das matrículas e numa redução da evasão.
No bottom line, a Anima entregou um resultado bem acima das projeções dos analistas: um lucro líquido ajustado de R$ 210 milhões, em comparação a uma expectativa de um prejuízo de R$ 144 milhões.
Esse lucro, no entanto, teve a ver basicamente com um fator contábil e não-recorrente: um crédito fiscal de R$ 375 milhões no trimestre.
Apesar das melhorias operacionais, a Ânima não tem conseguido se desalavancar – num Brasil com Selic a 13,75%. Desde o início do ano passado, a dívida líquida gravita ao redor de 4x EBITDA.
A Ânima só conseguiu uma desalavancagem substancial quando vendeu uma participação na Inspirali para a DNA Capital R$ 1 bilhão no final de 2021.
“A boa notícia é que a alavancagem não está subindo, mesmo com a taxa de juros como está,” disse o CEO.
A Ânima, no entanto, tem feito investimentos cirúrgicos que levarão a um aumento de EBITDA e queda na dívida líquida.
A companhia fundada por Daniel Castanho, Mauricio Escobar e Marcelo Bueno também anunciou três novos conselheiros.
A companhia indicou Juliana Buchaim, a ex-analista de equities da Amundi que faz parte do conselho da Arezzo&Co e do Banco ABC Brasil; Eduardo Alvarenga, o ex-CEO da Eletromidia; e Rafael Moraes, um dos sócios da Guepardo, hoje o maior acionista institucional da Ânima.
Estão deixando o conselho José Castanheira e Silvio Genesini.