O Inter reportou um quarto tri que superou ligeiramente as expectativas do mercado, entregando um lucro líquido de R$ 295 milhões e um ROE de 13,2%.
O consenso dos analistas era de um lucro de R$ 289 milhões e ROE de 12,9%.
No consolidado de 2024, o banco lucrou R$ 973 milhões, 3x mais do que em 2023 e mais que a soma de todos os seus lucros desde o IPO em 2018.
O CFO Santiago Stel disse ao Brazil Journal que diversos fatores levaram à melhora do bottom line, começando pela inadimplência.
“No quarto tri, conseguimos melhorar muito o NPL 90 dias e fizemos isso melhorando o nosso índice de cobertura, o que nos dá mais folga para perdas futuras,” disse o CFO.
O NPL 90 dias caiu de 4,5% para 4,2% no tri, enquanto o índice de cobertura subiu de 130% para 136%.
Segundo Santiago, o Inter tem aumentado a carteira de cartões de crédito com foco nos clientes já na base, o que reduz o risco de inadimplência e tem melhorado seu processo de cobranças, tornando ainda mais fácil para o cliente pagar a fatura.
Outro driver para a melhora do lucro foi o índice de eficiência, que mede o quanto as despesas representam das receitas e caiu 60 basis points no trimestre, de 50,7% para 50,1%. (A meta do Inter para 2027 é chegar a um índice de eficiência de 30%, um ROE de 30% e a 60 milhões de clientes).
No quarto tri, as receitas do Inter cresceram 10%. As despesas cresceram menos, ao redor de 7%, uma dinâmica ajudada em parte pela melhora dos números da InterPag.
No tri passado, o Inter incorporou a InterPag ao seu balanço, depois de comprar 100% da Granito, a empresa de adquirência em que o banco antes detinha 50%. Isso gerou uma piora momentânea no índice de eficiência porque a InterPag não dava lucro pré-incorporação.
“Nesse tri, já conseguimos capturar muitas eficiências da InterPag, tanto de despesas, integrando o time financeiro deles com o Inter e reduzindo outras redundâncias, quanto de receitas, com as oportunidades de cross selling,” disse ele.
Por fim, o Inter viu uma melhora na sua margem financeira líquida (NIM), que subiu de 9,6% no terceiro tri para 9,7% no quarto. Um ano atrás, esse indicador estava em 9%.
“Isso teve a ver com o fato de que estamos originando créditos com um alto ROE marginal. O crédito adicional que estamos trazendo é positivo para a rentabilidade,” disse ele.
O Inter tem crescido principalmente em produtos como o crédito FGTS, home equity, PIX financing e buy now, pay later — que tem uma rentabilidade (e um risco) maior.
No quarto tri, a carteira de BNPL e PIX financing, por exemplo, cresceu 40%, passando de R$ 500 milhões no terceiro tri para R$ 700 milhões.
Em home equity, o crescimento foi de 10%, e em FGTS, de 5%.
O banco também cresceu fortemente sua carteira de cartões de crédito (10%) e de crédito imobiliária (9%).
O crescimento da carteira total do Inter foi de 8% no trimestre, para R$ 41,2 bilhões, uma leve aceleração em relação ao tri passado, quando ela havia crescido 7%.
Para 2025, Santiago disse ver oportunidade para crescer ainda mais nos créditos com mais risco, dado o perfil atual da carteira e as quedas na inadimplência. Hoje, 70% da carteira de crédito do Inter é colateralizada e apenas 30% é de crédito clean.
“A dinâmica competitiva deve ser muito favorável pra gente, porque os grandes bancos vão estar com um perfil mais conservador este ano, de não acelerar e de proteger a margem financeira,” disse ele. “Por termos uma estrutura mais leve e funding melhor, vamos buscar ganhar market share nesses produtos com mais risco.”
Junto com o resultado do trimestre, o Inter anunciou a distribuição de 20% de seu lucro do ano, o equivalente a quase R$ 200 milhões — um dividend yield de 1,5%.
O Inter fechou o dia valendo US$ 2,3 bilhões na Nasdaq na quarta-feira.