Not Hillary, never Trump.  Maybe Dimon?
 
Jamie Dimon, o CEO do JP Morgan, disse ontem:  “Eu adoraria ser Presidente dos EUA, mas é muito difícil e muito tarde” pra isso.
 
Dimon estava sendo entrevistado por David Rubenstein, o co-fundador do Carlyle, num evento no Economic Club de Washington.  A entrevista mostrou um executivo com visão de longo prazo, que veste a camisa da empresa como se fosse dono, e que afirma que os interesses do País devem vir antes dos de seu próprio banco — um contraste com tantos empresários brasileiros envolvidos em esquemas que estão sendo apurados pela Lava Jato.
 
A pergunta que fez as manchetes ontem foi aquela em que Rubenstein perguntou a Dimon se o Fed deveria aumentar os juros agora.
 
“Minha opinião pessoal é de que 0,25% é uma gota no oceano… Não queremos ficar atrasados nisso, o Fed tem que manter sua credibilidade e eu acho que é hora de aumentar a taxa. Normalidade é uma coisa boa, não ruim.  Numa economia como essa, que está melhorando há sete anos, isso é uma coisa boa, não ruim. O retorno à normalidade é bom.” 

Lembrando que Paul Volcker, o presidente do Fed nos anos 80, certa vez aumentou a taxa em 250 pontos-base no intervalo entre duas reuniões, Dimon criticou o Fed atual por tentar (demais) remover a incerteza do mercado. “Você não deveria tentar transformar as coisas incertas em coisas certas.”

Dimon também narrou a reunião que os maiores bancos de Wall Street tiveram com o Federal Reserve e o Departamento do Tesouro no meio da crise de 2008.  Na reunião, o Governo pediu ao JP Morgan que aceitasse US$50 bilhões em uma linha de desconto mais barata. (O JP Morgan não precisava de dinheiro, mas, se recusasse a oferta, lançaria suspeita sobre a higidez dos outros bancos.)
 
“Liguei para o meu conselho de administração e disse a eles que aquele era um mau negócio para o JP Morgan, mas bom para os Estados Unidos.”
 
Mas o melhor trecho da entrevista veio quando Dimon listou vantagens competitivas pelas quais os EUA deveriam ser gratos, num momento em que a candidatura de Donald Trump promete ‘make America great again.’
 
“A América tem a melhor mão [no jogo de cartas] já dada a qualquer país do planeta em toda a história.  Os americanos não apreciam completamente o que vou dizer agora, mas… Nós temos vizinhos pacíficos e maravilhosos no Canadá e no México; temos as duas maiores barreiras militares já construídas, chamadas Oceano Atlântico e Oceano Pacífico; temos toda a comida, água e energia de que vamos precisar; temos as melhores forças armadas do planeta e continuaremos tendo (enquanto tivermos a melhor economia); temos as melhores universidades do planeta (há outras por aí, mas nós educamos a maioria dos garotos que empreendem ao redor do mundo); temos o domínio da lei, e se você não acredita em mim, pergunte à Inglaterra, ao Brasil, Rússia, Venezuela, Argentina China, Índia…; temos uma ética de trabalho maravilhosa; temos inovação até o osso (e não é só Steve Jobs…); temos os maiores e mais líquidos mercados de capitais do mundo.”
 
“Eu acabei de fazer essa lista.  Esqueci alguma coisa?  É extraordinário, é extraordinário, e temos isso tudo hoje!  Sim, temos problemas, mas entre em um avião, viaje ao redor do mundo, vá a esses outros países e me diga o que você acha.  Vá à Europa!  Quer falar de regulação dura e política ruim? Nós temos tudo, só precisamos consertar algumas coisas.  Nós mesmos é que estamos dando um tiro no pé.”
 
O Brasil tem uma lista de vantagens semelhantes.
 
Precisamos de empresários à la Dimon para tirar a política das mãos dos políticos profissionais, colocar sua experiência e pragmatismo a serviço da transformação do Estado e inspirar o País.