A Stone acaba de anunciar que André Street, o fundador da empresa, está deixando o conselho e a posição de chairman junto com outros dois conselheiros que estavam no board há dois anos.
A ação da companhia cai mais de 9% no after market em Nova York, com a notícia ofuscando os resultados do quarto tri, que vieram acima das projeções do mercado.
Pedro Zinner, o CEO da Stone, disse ao Brazil Journal que a saída de Street foi um “processo natural dentro da evolução da companhia.”
“Foi uma decisão muito bem pensada ao longo dos últimos anos, e tem a ver com o entendimento dele de que a empresa está madura e dentro de um processo de profissionalização do conselho,” disse o CEO.
Street é o maior acionista da Stone, com 37% do poder de voto (por meio das ações de Classe B) e 7% do capital total.
O acordo de acionistas e o estatuto da empresa estipulam que, se ele mantiver pelos 25% das ações de Classe B, Street tem o direito de eleger um membro do conselho, além de escolher o chairman.
Com 15% a 25%, ele tem direito apenas de eleger um membro do conselho, e com menos de 15% não tem nenhum direito em relação ao board.
Também estão de saída o vice chairman Conrado Engel, um veterano do mercado financeiro que estava há dois anos no conselho, e Patricia Verderesi, que trabalhou os últimos 10 anos no JP Morgan e também estava há dois anos no board.
A Stone está propondo que Maurício Luchetti, que já era conselheiro, se torne o chairman, e que a cadeira de vice chairman seja ocupada por Gilberto Caldart, o veterano do Citi e da Mastercard.
Luchetti acompanha a Stone há anos como adviser e se juntou ao conselho da empresa em abril de 2022. Ele fez carreira na Ambev, onde ficou de 1985 até 2003, liderando a área de RH, e depois passou quatro anos no Votorantim.
Já Caldart fez carreira no Citi e passou os últimos 14 anos na Mastercard, tocando todas as operações no mundo (com exceção dos Estados Unidos). Ele saiu da Mastercard em dezembro, quando entrou para o board da Stone.
O único novo conselheiro é Alexandre Scheinkman, que foi chefe do departamento de economia da Universidade de Chicago e depois assumiu as mesmas posições em Princeton e depois Columbia. Ele também está no conselho da Cosan.
“É um cara brilhante que vai ajudar muito nas discussões de dinâmica de mercado e na aceleração da cesta de novos produtos,” disse o CEO.
As mudanças no conselho foram anunciadas junto com o resultado do quarto trimestre, que veio acima das projeções do sellside.
O TPV e o EBT (o lucro antes de impostos) vieram em linha com as projeções, com um beat de apenas 3% no EBT. Mas o lucro líquido veio 18% acima das projeções dos analistas.
O CFO Mateus Scherer disse que o número surpreendeu porque a Stone teve uma alíquota de imposto menor do que o esperado pelo mercado.
“Fizemos um trabalho grande de reorganização de como o lucro é distribuído nas entidades da empresa e conseguimos capturar muito mais os benefícios da Lei do Bem, que foram muito concentrados no quarto tri,” disse o CFO.
O resultado do trimestre foi impulsionado por um crescimento do TPV, que subiu 20% ano contra ano, e por um aumento do take rate, que subiu de 2,21% para 2,43%.
“Um dos drivers desse crescimento do TPV é a própria solução de banking, já que os depósitos cresceram de R$ 4 bi no quarto tri de 2022 para R$ 6,1 bi no quarto tri do ano passado,” disse ele.
A Stone não remunera esses depósitos, deixando os valores investidos em títulos públicos e ganhando o rendimento. O aumento dos depósitos, portanto, ajudou a aumentar a monetização desses clientes, turbinando o take rate.
A Stone também disse que sua carteira de crédito cresceu para R$ 319 milhões, em comparação aos R$ 113 mi do terceiro tri.
Em novembro, a Stone deu um guidance de chegar a uma carteira de crédito de R$ 800 milhões no final deste ano e em R$ 7 bilhões em depósitos — números que já estão próximos de serem atingidos.