A Track&Field reportou o melhor primeiro trimestre da sua história – com crescimento acima do esperado em todas as linhas do balanço.

A varejista de produtos esportivos viu seu same-store sales disparar quase 25% no primeiro trimestre; para efeito de comparação, a Centauro (que também bateu o mercado neste indicador) subiu 13,2%.

Com isso, a receita líquida da Track&Field chegou a R$ 212,8 milhões, uma alta de 31,2% em um ano. O consenso esperava R$ 202 milhões. 

O sell out – que compreende a venda de todas as lojas da rede e canais digitais  – subiu 33,7% para R$ 380,6 milhões.  

Já o EBITDA ajustado cresceu 47,9% para R$ 54,7 milhões – 15% acima do que esperava o sellside. Tracanella

O lucro líquido ajustado chegou a R$ 39 milhões, um ganho de 37,6% ano contra ano. 

“Nós conseguimos um lucro de quarto tri, que é tradicionalmente mais forte, no primeiro tri. Foi um período histórico,” o CEO Fernando Tracanella disse ao Brazil Journal.

Segundo Tracanella, esse crescimento demonstra que o mercado endereçável vem crescendo numa velocidade muito grande. “As pessoas estão cada vez mais engajadas com o estilo de vida ativo e saudável,” disse ele. 

O lançamento da coleção de inverno em março – e a alta aceitação pelos clientes – ajudou os resultados do tri, segundo o CEO. Além disso, Tracanella aponta a melhoria no abastecimento da rede e a implantação da ferramenta de “vitrine infinita” (todas as lojas têm acesso aos estoques das outras) como pontos altos do tri.  

Para completar, o executivo disse que houve uma melhora de 48% nas vendas das lojas reformadas – uma das principais estratégias da companhia nos últimos anos. No ano passado, foram realizadas 40 reformas. (Em seu balanço publicado hoje, o grupo SBF também destacou o potencial de lojas reformadas.) 

“Ainda temos cerca de metade das nossas lojas para serem reformadas, então podemos dizer que há um crescimento de SSS contratado para os próximos anos,” disse Tracanella, que estima que as intervenções devem ir até 2027.

Além das reformas, a empresa inaugurou quatro franquias no primeiro tri e encerrou o período com 402 lojas – sendo 53 próprias. O executivo estima que a empresa deverá inaugurar cerca de 40 unidades em 2025, a maior parte delas franquias.

Uma das principais apostas da companhia, o TFSports, seu marketplace de bem-estar, cresceu 57% em número de inscritos e 12,5% em eventos realizados pela plataforma. A base de usuários ativos e treinadores chegou a 955 mil e 8,3 mil, respectivamente.

De acordo com o fundador da Track&Field e CEO da TFSports, Fred Wagner, o marketplace deve continuar com crescimento acelerado, ainda mais com o aumento de eventos organizados pela própria companhia.

11620 6f2a5556 b718 4884 098c 7b029fffb274No ano passado a Track&Field organizou 75 corridas de rua; este ano o número deve passar de 200. Segundo Fred, 400 mil corredores de rua devem usar a platraforma neste ano. 

Uma das preocupações de parte do mercado é com o impacto negativo da TFSports na rentabilidade do negócio como um todo, mas Fred enxerga o investimento de forma estratégica ao combinar “captação de clientes e construção de uma plataforma completa.”

Além dos eventos – que aumentam as vendas das lojas durante a retirada dos kits –, a Track&Field vem testando um modelo de venda direta por meio dos treinadores que utilizam a plataforma.

“É um negócio que está ganhando tração,” disse Fred. 

O executivo também disse que o investimento na plataforma vem caindo trimestre a trimestre. Se antes o TFSports consumia cerca de 3,5% da receita líquida, neste primeiro tri a conta ficou mais próxima dos 2%. “A tendência é que o valor fique abaixo do ano passado,” disse. 

Tracanella se diz otimista em repetir bons resultados nos próximos trimestres e afirma que abril e maio mostraram uma tendência positiva das vendas. 

“Este trimestre não foi um black swan. Não podemos nos comprometer, mas estamos bem satisfeitos com o avanço do ano,” disse ele.

A ação da Track&Field cai 2,5% nos últimos doze meses. A empresa vale R$ 1,7 bilhão na Bolsa.