Uma reestruturação completa do portfólio de cartões do Itaú e uma mudança na política de aprovação de crédito estão fazendo com que as novas emissões do banco disparem. 

O volume de venda de novos cartões do Itaú (incluindo cartões próprios e os co-branded) dobrou em maio e está crescendo ainda mais em junho, Rubens Fogli, o head de cartões do Itaú disse ao Brazil Journal. 

Os números são ainda mais relevantes porque o Itaú já é o líder neste mercado, com um market share de mais de 30%. (Em outras palavras: de tudo que o brasileiro gasta no cartão, um terço passa pelos cartões do banco.)

“Como líderes tínhamos mais a perder do que a ganhar, mas com essa renovação temos nos defendido bem do ataque dos concorrentes,” disse Rubens.  

Com o mote de que o Itaú tem “um cartão para cada tipo de cliente”, a repaginação da área de cartões é uma resposta frontal do Itaú à entrada de players como XP e BTG no segmento do plástico, incluindo ofertas sem anuidade e com cashback.   

Ao longo dos últimos meses, o banco reestruturou toda a linha de cartões — do mais básico (o chamado Itaú Agência) ao Personnalité. 

No “Agência”, o banco passou a oferecer um cartão sem anuidade e que dá 3 pontos para cada compra que o cliente faz no Iupp (o novo nome do programa de fidelidade Sempre Presente, e que agora funciona também como marketplace). 

No Uniclass (a categoria acima do Agência), o Itaú lançou duas novas versões do Visa Signature: uma com anuidade e que dá 1,5 ponto para cada dólar gasto; e outra sem anuidade, mas que não gera pontos.

Finalmente, no Personnalité, o banco passou a oferecer o cartão Black (que dá de 2 a 3 pontos por cada dólar gasto) sem anuidade para os clientes que têm investimentos acima de R$ 50 mil. 

As novas ofertas mostram que a anuidade está cada vez mais se tornando uma peça de museu no mundo dos cartões. No Itaú, ela ainda responde por entre 20% e 30% da receita do negócio de cartões (o restante vem do interchange), mas a tendência é que caminhe para zero.

O banco também repaginou sua oferta de cartões co-branded: lançou um cartão em parceria com a Samsung que permite parcelar as compras de smartphones da marca em até 24 vezes e dá desconto nos produtos. Com o Magalu, um cartão sem anuidade dá cashback nas compras feitas na varejista. 

Outra mudança relevante foi na política de aprovação de crédito. 

O Itaú está usando machine learning para capturar outros dados do cliente — desde o tamanho da tela do smartphone que ele está usando até sua conexão de internet, passando pelos links que ele clicou — que dão um indicativo de renda e ajudam na análise de risco. 

“Havia uma série de dados desestruturados que estamos conseguindo usar agora,” diz o executivo.  A aprovação de crédito aumentou 40%. 

Para mitigar os riscos da nova política, o Itaú tem dado — num primeiro momento — limites menores para alguns desses clientes.