O Itaú BBA começou a cobrir a Nvidia com recomendação de compra, a despeito da alta vigorosa no preço do papel nas últimas semanas.
Num relatório intitulado “The Mother of Disruptive Innovation at the Beginning of a Historic Cycle”, o banco classifica a ação como outperform e coloca um preço-alvo de US$ 500 para o final de 2024. A ação negocia hoje a US$ 400.
Segundo o analista Thiago Kapulskis, quando ele trabalhava no buyside, na gestora Apex Capital, seus modelos já indicavam há um ano que a Nvidia deveria ter um peso maior em seu portfólio – maior inclusive do que o share de algumas de suas ações prediletas, como a Microsoft.
“Mas o valuation foi sempre um problema e nos impediu de construir uma posição imediatamente,” escreveu o analista.
Na época, ele começou a montar posição quando os preços já haviam passado dos US$ 180.
“Para cada US$ 10 de queda, adicionávamos 0,5% de posição em nosso fundo, esperando montar uma posição a um preço médio de US$ 120.” Mas o papel nunca cedeu o suficiente, e Thiago hoje lamenta não ter comprado mais antes da escalada nos preços.
No relatório de hoje, o time do Itaú destrincha as operações da Nvidia, comenta o potencial das diversas frentes de negócios e conclui que a valorização recente não é uma bolha.
“Enquanto muitos investidores consideram o valuation atual absurdo, com a companhia negociando a 46x lucro, esse múltiplo pode se mostrar totalmente equivocado – e para melhor,” escrevem os analistas. “Acreditamos que estamos nos primeiros lances de um ciclo que será ainda mais forte, com os modelos de linguagem de grande escala (LLMs) e a IA generativa aumentando a demanda por capacidade de computação.”
Com o declínio dos processadores do tipo CPU e a ascensão dos GPUs, da Nvidia – que tem de 70% a 80% desse mercado – aparece entre as empresas com maior potencial de capturar o valor dessa “mãe da inovação disruptiva”.
Segundo o relatório, as revisões para cima dos lucros da Nvidia diminuíram um pouco os múltiplos implícitos no preço dos papéis, que estavam ao redor de 60x lucro na semana passada e agora recuaram para 46x.
O número pode parecer exagerado na fotografia, mas o banco estima que haverá novas revisões para cima.
“Tech é momento, e não queremos perder a oportunidade de participar da evolução desse ciclo, mesmo como a atual valuation elevada,” concluem os estrategistas.
A ação da Nvidia cai 4% hoje, após o recorde alcançado ontem, quando a companhia atingiu US$ 1 trilhão em valor de mercado.