O Itaú Unibanco reportou um segundo trimestre acima da expectativa do mercado – e também dos números dos concorrentes Bradesco e Santander.
O banco também revisou o guidance para 2022 e analistas já falam em revisar para cima as estimativas de resultado do ano.
O lucro do Itaú ficou em R$ 7,7 bilhões no segundo tri, uma alta de 17,4% na comparação anual. O retorno sobre o patrimônio líquido ficou em 20,8%.
A margem financeira com clientes cresceu 31% – segundo o banco, positivamente impactada pelo crescimento da carteira de crédito e pela mudança de mix, com mais produtos com melhores spreads.
A margem financeira com o mercado ficou positiva em R$ 700 milhões, uma queda de 67% na comparação anual. Ainda assim, o JP Morgan disse que o número era ‘impressionante’, considerando as perdas de R$ 1,5 bilhão do Santander e de R$ 600 milhões do Bradesco nessa linha.
Do lado da qualidade dos ativos, o JP Morgan também disse que o Itaú se saiu melhor que seus pares: o NPL de 90 dias ficou em 2,7% – uma piora de apenas 10 pontos-base na comparação trimestral; enquanto no Bradesco a piora foi de 60 pontos-base excluindo os benefícios da venda da carteira de crédito. No Santander, o NPL ficou estável, mas foi ‘ajudado’ por uma alta de 14,9% na carteira renegociada no trimestre.
O total de créditos renegociados ficou em 3,7% da carteira do Itaú; contra 5% no Bradesco e 6,8% do Santander.
Para o UBS, o resultado do Itaú foi ‘bem limpo’ – sem nada atípico relevante e com uma melhor dinâmica de qualidade de ativos do que seus principais pares. Já o Citi disse que o forte desempenho da receita do banco foi uma surpresa positiva e deve levar a revisões do consenso de mercado para cima.
O próprio Itaú já começou as revisões, elevando o guidance para o ano.
Apesar de espera uma alta no custo do crédito – o guidance passou de R$ 25-R$ 29 bi para R$ 28 bi-R$ 31bi – o banco acredita que ainda há espaço para crescer a carteira: as projeções para 2022 passaram de uma alta entre 9% e 12% para 15,5%-17,5%.
Além disso, a previsão de expansão da margem financeira com clientes saiu de 20,5% a 23,5% para entre 25% e 27%.
“A revisão da receita financeira supera o aumento da provisão de crédito. Isso deve ter um impacto positivo entre 3% e 4% no lucro líquido, entre o guidance antigo e o novo,” o analista do JP Morgan Domingos Falavina disse ao Brazil Journal.
Para um gestor, levando em conta todas as premissas revisadas no guidance, no ponto médio, o lucro esperado para o ano deveria ser revisado para cima em cerca de 4-5% em relação ao consenso.
“Acho que aqui é o benefício da dúvida. Por enquanto, apesar da maior inadimplência, os maiores spreads e receitas estão sendo mais que suficientes para compensar esse aumento do custo de crédito,” disse o gestor.
Na Bolsa, a ação do Itaú negocia a cerca de 8x o lucro esperado para este ano e 1,5x seu valor patrimonial estimado.