Depois de semanas de expectativa, o IRB anunciou uma oferta de ações para levantar R$ 1,2 bilhão – recursos que ajudarão o ressegurador a se ‘enquadrar’ nas exigências de capital mínimo e de provisões técnicas de sua reguladora, a SUSEP.
A oferta inicial é de 597 milhões de ações. Multiplicando esse volume pelo preço de fechamento ontem – R$ 2,01 – a empresa levantaria os R$ 1,2 bilhão, que também foi fixado como o valor máximo da oferta.
O valor de mercado do IRB é de R$ 2,55 bilhões. A ação fechou ontem em queda de 5,18%.
Mas a operação também prevê um lote adicional de até 200%, o que pode levar a empresa a emitir até 1,791 bilhão de novas ações.
A previsão de um lote adicional dessas proporções – ao mesmo tempo em que há um limite de R$ 1,2 bi para a operação – sugere que o IRB está preparado para um cenário em que tenha que vender as novas ações a um desconto substancial em relação ao preço de tela. Se tiver que emitir 1,791 bilhão de ações para levantar R$ 1,2 bi, o IRB estaria vendendo os novos papeis a R$ 0,67/ação.
O preço da ação na oferta será definido em 1 de setembro.
Os coordenadores da oferta são Bradesco BBI e Itaú BBA, ligados aos dois acionistas relevantes do IRB, e tem o Santander como coordenador adicional.
A Bradesco Seguros tem 15,8% do capital do IRB; a Itaú Seguros, 11,5%. Os dois acionistas pretendem acompanhar a oferta na proporção de suas participações, uma fonte com conhecimento do assunto disse ao Brazil Journal.
A oferta vem num momento em que o mercado elevou sua aposta contra a ação do IRB próximo ao nível máximo permitido pela B3. Na noite de ontem, a Bolsa aumentou o teto para vendas a descoberto, dizendo responder à uma demanda de mercado.
O IRB disse que, se houver recursos excedentes depois de regularizar sua situação com a SUSEP, poderá usar o dinheiro para fins corporativos gerais e pagamentos de “passivos contingentes, incluindo aqueles que podem surgir de acordos com as autoridades norte-americanas”.
Em abril, a SEC abriu um processo contra o ex-CFO do IRB, Fernando Passos, por fraude. O IRB aparece nesse processo como “parte relacionada”, mas não foi citado nele, ou seja, não é réu. Fontes disseram ao Brazil Journal que o ressegurador escreveu sobre o assunto no fato relevante do follow-on como uma “precaução” caso no futuro a justiça americana entenda que a empresa tenha que pagar algo a acionistas de lá, mas, segundo as fontes, o IRB não espera que isso aconteça.