É hora de os investidores enviarem um sinal mais forte ao governo brasileiro caso o Presidente Jair Bolsonaro não controle o desmatamento na Amazônia.

A exortação é do Financial Times, num editorial publicado hoje e intitulado, “Brazil should pay for not halting deforestation.”  Segundo o jornal, a inação de Brasília “está tornando a marca Brasil tóxica demais.”

“O ativismo de investidores pode ser uma força poderosa. Detentores de títulos e ações estão pressionando empresas e governos globalmente para melhorar a governança, reduzir as emissões de carbono, buscar o equilíbrio de gêneros e a diversidade racial, bem como entregar lucros crescentes. Mas o que acontece se seus alvos ignoram a pressão?”

O jornal lembra que, no ano passado, um grupo de instituições financeiras internacionais se uniu para pressionar o governo brasileiro e seu “presidente de extrema-direita” a frear o desmatamento da Amazônia. 

Esse grupo, que hoje detem cerca de US$ 7 trilhões em ativos do Brasil, tinha cinco objetivos — entre eles, uma “redução significativa” no desmatamento, a execução do Código Florestal e a prevenção de incêndios na floresta ou em áreas próximas.

Um ano e várias reuniões depois, diz o jornal, os resultados são claros: “o desmatamento aumentou em 17% nos seis primeiros meses de 2021, segundo dados preliminares do governo. O Código Florestal está se tornando rapidamente uma carta morta, porque as agências que o fiscalizam tiveram seus orçamentos destruídos.” 

O FT cita ainda o último ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, “um aliado próximo a Bolsonaro”, que renunciou em meio a investigações sobre se ele esteve em conluio com madeireiros ilegais para exportar madeira da Amazônia.

Com a maioria dos objetivos não alcançados, o que os investidores deveriam fazer?, questiona o jornal. 

“Os membros do grupo de investidores não disseram o que aconteceria se as metas não fossem atingidas”, segue o FT.

Para o jornal, felizmente, “nem tudo está perdido”.

O descaso do governo com a riqueza natural do país não é compartilhado por muitos negócios brasileiros, diz o jornal.

“Empresas que exportam para os EUA e Europa ficam alarmadas pelo risco de boicote de consumidores ou investidores caso a inação do governo torne a marca Brasil tóxica demais.”

“Isso precisa mudar. É hora de os investidores mandarem um sinal de US$ 7 trilhões a Brasília de que, se o desmatamento não diminuir, eles vão cair fora”, conclui o jornal.