A Indicator Capital acaba de levantar R$ 240 milhões para um fundo de venture capital que vai investir em startups de internet das coisas (IoT) — o primeiro do gênero na América Latina.

A captação — ancorada pelo BNDES e pela Qualcomm Ventures com um investimento de R$ 40 milhões cada — vem num momento propício para esse tipo de tecnologia, que tem ganhado os holofotes com a chegada do 5G, cuja baixa latência e menor tempo de resposta viabilizam diversas aplicações de IoT.

O fundo também atraiu o Banco do Brasil, a Motorola/Lenovo, a Multilaser e a Telefônica Vivo, que também fizeram cheques de mais de R$ 40 milhões. 

No final, o valor captado foi 2x maior que o previsto no edital de lançamento do fundo, que exigia uma captação mínima de R$ 120 milhões e tinha um target de R$ 160 milhões. 

O fundo — batizado de Indicator 2 IoT — vai buscar startups de early stage que tenham desenvolvido soluções de IoT com foco em quatro segmentos: agronegócio, saúde, cidades inteligentes e indústria 4.0.

Com investimentos de R$ 10-15 milhões por companhia, o fundo vai entrar majoritariamente em rodadas Series A e reservar parte do capital para follow-ons. O prazo é de dez anos (cinco para investir, cinco para desinvestir) e o objetivo é ter uma carteira de até 30 startups. A gestora já mapeou 200 empresas com tese validada e que estão perto de faturar R$ 200 mil/mês. 

“Tivemos várias ondas de digitalização: o mobile first, o cloud, a inteligência artificial…” Fabio Iunis de Paula, um dos fundadores da Indicator, disse ao Brazil Journal. “Agora, com todas as pessoas já conectadas, estamos entrando num momento em que vamos conectar as ‘coisas’ com grandes sistemas de inteligência, criando automações que trazem ganhos enormes de produtividade.”

Este é o segundo fundo da Indicator Capital, que foi fundada em 2014 por Fabio e pelos irmãos Derek e Thomas Bittar, que se conheceram praticando esportes de ‘ultra endurance’, uma paixão dos três. 

No primeiro fundo — focado em cloud, inteligência artificial e big data — a Indicator levantou R$ 35 milhões, investiu em 15 startups, e já fez duas saídas. A joia da coroa do portfólio: a iugu, uma plataforma de automação bancária para empresas que recebeu um aporte da Goldman Sachs ano passado.

A Indicator faz uso intensivo de dados para decidir onde investir: seu banco de dados já tem mais de 15 mil companhias e a estratégia fez com que a gestora ganhasse o apelido de “Moneyball do VC,” uma referência ao filme em que um treinador de beisebol usa estatística para melhorar a performance do time. 

Bruno Laskowsky, o diretor de participações e mercado de capitais do BNDES, diz que o investimento no fundo faz parte da estratégia de reciclagem de capital do banco para focar numa agenda de fomento à inovação — o que passa pelo aumento dos investimentos em venture capital.

O BNDES tem R$ 4,1 bilhões investidos em fundos, R$ 1 bi dos quais estão alocados em 15 fundos de VC.