O Inter reportou um primeiro trimestre com crescimento de carteira, lucro recorde e um ROE próximo de 10%, superando com folga as expectativas do sellside.

O banco teve um bottom line de R$ 195 milhões, com um ROE de 9,7%, enquanto o consenso Bloomberg era de um lucro de R$ 165 milhões com um ROE ao redor de 8%. 

Para efeito de comparação, no ano passado inteiro o Inter deu um lucro de R$ 345 milhões. 

santiago stelO CFO Santiago Stel disse ao Brazil Journal que o destaque do trimestre foi a evolução da margem financeira líquida, que subiu 20 basis points para 9,2%, excluindo a carteira de cartão de crédito à vista (que não acrua juros). 

O crescimento teve a ver com três efeitos: a reprecificação da carteira antiga do banco, que está vencendo e sendo substituída por empréstimos com uma taxa melhor; a entrada de uma nova carteira a taxas mais altas; e a queda da Selic, que num primeiro momento tem um efeito positivo no spread, já que o custo de funding cai na frente. 

“Outro impacto positivo no NIM foi a inadimplência, que tem se mantido num patamar praticamente estável,” disse o CFO.

No trimestre, o NPL de 90 dias subiu apenas 20 bps para 4,8%, mesmo com a sazonalidade negativa do período. Historicamente, os primeiros trimestres têm altas na inadimplência, já que o consumidor tem despesas a mais como o IPVA e o IPTU.

O Inter cresceu sua carteira de crédito em 3% no trimestre na comparação sequencial, para R$ 32,1 bilhões.

O número mostra uma desaceleração em relação ao tri anterior, quando a carteira cresceu 8%. Essa perda de ritmo teve a ver principalmente com a carteira de empréstimos para empresas, que caiu 10% no trimestre, e com a carteira de consignado, que ficou flat.

A carteira de cartões cresceu 7%; home equity, 10%; e FGTS, 21%.

Para frente, Stel disse que o Inter quer crescer o FGTS “o máximo possível.”

“É um produto que tem 1,8% de taxa mensal e um ROE de mais de 30%. Ao mesmo tempo, é ganho também para o consumidor, porque a alternativa é um crédito muito mais caro.”

Outro destaque do trimestre foi a evolução do índice de eficiência, que caiu de 51,4% para 47,7%. Segundo Stel, a melhora teve a ver com o fato do Inter estar conseguindo crescer as receitas ao mesmo tempo em que mantém as despesas estáveis.

Nesse tri, as despesas ficaram em R$ 618 milhões — o mesmo patamar do tri anterior e praticamente o mesmo nível de despesas do quarto tri de 2021 (R$ 603 milhões), quando a receita do banco era muito menor.

O guidance do Inter é atingir um índice de eficiência de 30% em 2027, mas Stel disse que o banco está “muito adiantado” em relação a seu plano de negócios e que provavelmente entregará esse target antes do prazo.

O Inter também melhorou sua margem por cliente ativo, mantendo seu ARPAC em R$ 30 e reduzindo o custo de servir de R$ 12,50 para R$ 11,80.

O banco digital disse ainda que adicionou 1 milhão de clientes ativos a sua base, elevando o total para 17,4 milhões. O total de clientes cadastrados é de 31 milhões.