Nove meses após a primeira proposta, a Arco Educação está saindo da Bolsa a um preço acima do originalmente ofertado.
A dona dos sistemas COC, Dom Bosco e Ari de Sá acaba de anunciar um acordo vinculante para fechar o seu capital na Nasdaq.
General Atlantic e Dragoneer vão pagar US$ 14 por ação, 27% acima da primeira oferta de US$ 11 e 17% superior ao preço de tela. No total, os fundos devem desembolsar cerca de US$ 400 milhões.
O negócio avalia a empresa de sistemas de ensino em US$ 1,5 bilhão.
Com isso, os fundos vão ficar com praticamente todo o free float (cerca de 51% do capital), mas ainda há a negociação com alguns fundos para que eles permaneçam com participação na companhia. Entre eles estão os britânicos do Keenan Capital e o fundo americano Ruane, Cuniff & Goldfarb.
A proposta precisa ser votada em Assembleia Geral dos acionistas e aprovada pelo CADE.
Os fundadores – o CEO Ari de Sá Cavalcante Neto e seu pai, Oto de Sá Cavalcante – não participaram da aquisição e vão permanecer com 42% da empresa. O restante ficará com os antigos controladores da isaac, a empresa comprada pela Arco em outubro por meio de uma troca de ações.
O negócio encerra uma novela que durou nove meses desde a primeira proposta de fechamento de capital. Em dezembro, um grupo de minoritários enviou uma carta dizendo que a proposta de US$ 11 não era “nem perto do aceitável”.
A reclamação não foi à toa. O valor definido está bem distante do preço do IPO (US$ 17,50), assim como de outros dois follow-ons que a empresa fez em novembro de 2019 (US$ 43) e em julho de 2020 (US$ 44,80).
As negociações continuaram com o comitê especial formado por quatro conselheiros independentes da Arco, nenhum deles representante dos fundos ou da família controladora.
“Obviamente, sempre os acionistas vão querer mais, mas o mundo agora é totalmente diferente de 2018. A empresa vai pagar 55% da última cotação antes da primeira proposta, então está dando liquidez para o investidor em um contexto bem mais desafiador,” disse uma pessoa ligada à Arco.
A Arco espera que toda as aprovações e burocracias aconteçam em até 90 dias. Com isso, até novembro a empresa será retirada da Nasdaq.
Dentro da Arco, a notícia chega como um alívio para a companhia conseguir focar. Segundo pessoas próximas à operação, muitas oportunidades de crescimento estavam sendo deixadas à margem por causa dos compromissos de curto prazo.
“Educação é um negócio de longo prazo e a dinâmica operacional não permitia que uma parte importante da empresa se dedicasse ao futuro,” disse uma fonte de dentro da companhia.
A Arco prevê investir R$ 350 milhões em 2024 em novas tecnologias, como inteligência artificial e conteúdo.
Como a receita é praticamente toda definida no primeiro tri, a Arco deve encerrar este ano com uma receita próxima a R$ 2 bilhões.