O Grupo SBF, dono da Centauro e da operação da Nike no Brasil, acaba de reportar o melhor resultado para um segundo tri em sua história em todas as linhas do balanço – superando o consenso do mercado, que já era construtivo.
A começar pelo lucro líquido ajustado: a empresa reverteu um prejuízo de R$ 932 mil para um lucro de R$ 73,2 millhões – o consenso Refinitiv apontava para um valor de R$ 33 milhões, menos da metade do reportado.
E neste valor não está inclusa a resolução de um passivo tributário de ICMS com o Estado de São Paulo, que fará o Grupo SBF gastar R$ 150 milhões a menos com impostos do que o provisionado anteriormente. Com essa negociação, o lucro líquido chegou a R$ 223,8 milhões no tri.
A receita líquida, por sua vez, subiu 7,6% para R$ 1,7 bilhão. O same-store sales foi de 6,4% na Centauro e de 4,8% na Fisia, a operação da Nike.
Já o EBITDA ajustado foi de R$ 175,6 milhões – uma alta de 90,5% –, enquanto o consenso previa R$ 150 milhões.
A empresa também reduziu o SG&A em 2 pontos percentuais para 39,5% da receita operacional líquida, ajudada pelo aumento da eficiência na logística dos produtos da Nike.
A alavancagem da companhia desabou de 3,1x um ano atrás para 1,06x agora, aproximando-se da meta da companhia, que é alavancagem zero. No primeiro tri, a alavancagem foi de 1,33x.
A dívida líquida caiu 50% ano contra ano para R$ 756 milhões.
O resultado de hoje vem exatamente um ano depois de um dos piores momentos da Centauro na Bolsa, quando a ação da companhia chegou a desabar 25% em um único dia. O CEO Pedro Zemel disse ao Brazil Journal que as incertezas daquela época já são uma página virada.
“Esse resultado fecha um ciclo. O mercado é tão frio quanto tem que ser, mas essa companhia tem uma capacidade enorme de crescimento e muita qualidade,” disse Zemel.
O excesso de estoque – uma das grandes preocupações dos investidores – está oficialmente normalizado, mas isso não quer dizer que não possa melhorar, disse Zemel.
Apesar de uma redução de 48 dias de um ano pra cá, o grupo prevê uma maior eficiência do estoque nos próximos trimestres, especialmente na Fisia.
Enquanto o estoque da Centauro está em 120 dias, o da Fisia chega a 175. A ideia da companhia é diminuir o gap entre as duas unidades de negócio.
Com os resultados mais saudáveis, parte do mercado já especula que a Centauro poderia voltar para uma agenda de crescimento mais acelerado. Zemel, no entanto, mede as palavras.
“Não estamos abrindo mão do crescimento, mas nós teremos uma expansão segura mirando a lucratividade,” disse.
Ou seja, apesar de ter cerca de 150 novas lojas mapeadas, o ritmo de aberturas deve continuar lento no curto prazo. No segundo tri, o Grupo SBF teve adição líquida de apenas uma loja da Centauro e duas da Nike.
Porém, a área de eventos deve acelerar. Neste ano, a Fisia organizou a sua primeira prova de corrida e a Centauro já programou outras 10 em parceria com empresas de shoppings – estratégia similar ao que a Track&Field já adota.
A ideia é chegar a 40 eventos no ano que vem.
A ação do Grupo SBF sobe 3,5% nos últimos 12 meses. A empresa vale R$ 3,3 bilhões na B3.