De olho em um aumento consistente dos lucros e até mesmo uma maior competitividade com a Shein, o UBS BB iniciou a cobertura da C&A com recomendação de ‘buy’.
O banco colocou um preço-alvo de R$ 15 no papel, que opera em alta de 9,5% no final da tarde e já sai a R$ 13,10.
Os analistas Vinicius Strano, Isabella Lamas e Lucca Biasi veem uma melhora significativa no bottom line da C&A nos próximos anos, depois de sucessivos prejuízos reportados recentemente.
O banco estima que medidas como a precificação dinâmica e um mix melhor de produtos vão fazer a C&A ter um bottom line de R$ 239 milhões este ano, R$ 351 milhões ano que vem e R$ 428 milhões em 2026 – sem contar os créditos tributários.
Os analistas calculam um CAGR de 13% no lucro por ação entre 2026 e 2028.
“O aumento na penetração de crédito, expansão do modelo push-pull, avanços no ecommerce e reformulação das lojas também podem ser motores de crescimento da receita a longo prazo,” escreveram os analistas.
O UBS BB também acredita na retomada da expansão orgânica da C&A a partir do ano que vem. A varejista está presente em cerca de 45% dos shoppings no Brasil, ante 57% da Renner, por exemplo.
Nesta expansão, dizem os analistas, a C&A deve adotar seu novo layout de loja, que aumentou o same-store sales entre 15% e 20% nas 75 lojas já convertidas.
Outro ponto que chama a atenção dos analistas é o awareness da marca. O banco fez uma pesquisa com consumidores sobre o conhecimento das marcas de varejo de vestuário: a C&A foi a mais lembrada com 88% das respostas, seguida de Riachuelo (87%), Renner (85%) e Shein (83%).
Quando o banco questionou os consumidores sobre em quais lojas ele pretende comprar um produto nos próximos 12 meses, a C&A ficou em segundo com 51% – atrás apenas da Shein com 54%.
“O imposto de importação parece ter sido repassado aos consumidores, limitando a diferença de preços com os varejistas de moda locais,” escreveram. “Como resultado, as vendas cross-border parecem ter se moderado no Brasil.”
Por último, o banco também vê o C&A Pay como um “importante impulsionador de crescimento das vendas.”
Segundo os analistas, mesmo com a rápida aceleração do crédito neste ano, o NPL de 90 a 360 dias caiu 1,8 ponto no último tri em relação ao mesmo período do ano passado.
“Embora a formação de NPL tenha aumentado sequencialmente para 7,1%, mais alta do que a dos principais concorrentes da C&A, ainda está abaixo do nível de 2023. Além disso, a taxa de cobertura cresceu para mais de 100%, indicando provisões adequadas.”
O UBS BB vê a C&A negociando a 10x o lucro de 2025, um desconto em relação a Renner (11,7x) e Guararapes (11,4x).
Com a alta de hoje, a ação da C&A sobe 162% nos últimos doze meses. A varejista vale R$ 4 bilhões na B3.