O empresário Nelson Tanure, o maior acionista da HRT, está trabalhando por uma fusão entre a petroleira e a OGPar, a sucessora da OGX — ambas relíquias de uma era de liquidez e otimismo que deixou uns na saudade, outros no prejuízo.
Como o plano de Tanure depende da aprovação dos credores da OGPar, que está em recuperação judicial, o empresário já iniciou um diálogo com o banco Rothschild, que representa os credores, disseram pessoas a par da situação.
O plano para a união das duas petroleiras — adiantado em VEJA.com por Lauro Jardim — “faz um sentido enorme e tem uma lógica espetacular, porque traria uma redução de custos imensa para a nova empresa a ser criada com a fusão,” disse uma pessoa com acesso aos planos de Tanure.
De acordo com esta fonte, as economias chegam a mais de 400 mil dólares por dia apenas no aluguel de navios-plataforma. “A OGPar e a HRT alugam, cada uma, um navio FPSO. No caso de fusão, bastaria um,” disse a fonte.
Em 365 dias, essa economia chegaria a 146 milhões de dólares, ou 380 milhões de reais. Para se ter uma ideia do que isto representa, o valor de mercado da HRT hoje (com a ação a 7,40 reais) é de 220 milhões de reais.
Uma fusão entre as duas empresas também resolveria a disputa que elas travam a respeito da “unitização” de seus dois principais ativos.
A HRT diz que o campo de Tubarão Martelo (da OGPar) e o de Polvo (da HRT) são conectados. A OGPar discorda.
Em um comunicado ao mercado em 16 de outubro, a HRT afirmou: “Não se trata de mera avaliação da HRT a existência de continuidade lateral entre os dois campos. Estudos conduzidos pela própria OGPar, em 2012, atestam que um dos reservatórios do Campo de Tubarão Martelo avança pelo chamado ring fence do Campo de Polvo, fato este que, à luz da [resolução da ANP], impõe a assinatura de acordo para a individualização da produção entre as concessionárias envolvidas para o compartilhamento de exploração e produção.”
Uma outra fonte disse que não há, ainda, conversas formais entre as duas empresas, mas uma terceira fonte disse que Tanure procurou Eike Batista para persuadi-lo sobre os méritos de uma fusão. (Como Eike tem apenas 5% da OGPar e não manda mais na empresa, o mais provável é que Tanure o tenha procurado por cortesia.)
Tanure — que por meio de vários veículos é dono de cerca de 30% da HRT — é conhecido no mercado por extrair valor de empresas em dificuldade, cujas ações ele compra na proverbial bacia das almas.
Separadamente, a HRT negocia a compra de um campo de petróleo em produção da Shell, disse outra fonte a par dessas conversas.
A negociação, que já está avançada, segue a estratégia adotada pela HRT quando comprou, em maio de 2013, uma participação no Campo de Polvo da BP. Na época, a HRT pagou 135 milhões de dólares por 60% de Polvo. A empresa já fez uma oferta à Maersk pelos 40% restantes, mas o negócio ainda aguarda aprovação da Agência Nacional do Petróleo (ANP).
“Esses campos de tamanho médio e em produção declinante não interessam mais às majors [as grandes empresas de petróleo globais],” diz um conhecedor da indústria. “O mais provável é que eles estejam conversando sobre um destes campos.”