A Holambra Agroindustrial vai começar a usar a energia solar para irrigar suas lavouras de soja, milho, algodão e laranja no interior de São Paulo, uma tentativa da tradicional cooperativa de zerar seus gastos com energia aplicada nos sistemas de irrigação.
Historicamente, a Holambra sempre acompanhou uma parcela significativa de seus cooperados adotando a irrigação como ferramenta para suprir a falta de chuva. Cerca de 70% da soja que ela recebe vem de áreas irrigadas.
Mas o preço da energia tem sido um fator limitante. Este ano, em especial, o peso do insumo sobre os custos foi 20% maior que a média dos últimos anos.
Como solução, a alternativa encontrada foi a instalação de usinas fotovoltaicas nas fazendas, capazes de gerar energia suficiente para manter os equipamentos em operação durante os tempos secos.
Em agosto, uma verdadeira operação de guerra terá início em Paranapanema, a cidade-sede da Holambra. A cooperativa vai instalar 250 usinas de energia solar em 173 fazendas, que vão gerar 30 megawatts de energia elétrica a partir de janeiro do ano que vem. Juntas, as usinas vão gerar uma economia de R$ 25 milhões por ano aos produtores.
“É um investimento feito pela cooperativa, que será refinanciado aos cooperados com prazo de 10 anos”, Shandrus Hohne de Carvalho, CEO da Holambra Agroindustrial, disse ao Brazil Journal.
O projeto de usinas de energia solar vai demandar R$ 115 milhões e faz parte de um plano agressivo de expansão da Holambra, que espera chegar numa receita de R$ 5,2 bilhões em 2024.
Este ano, a expectativa é faturar perto de R$ 3 bilhões, 50% a mais que em 2021.
Os resultados da Holambra vem num momento de fervor no mercado de commodities agrícolas, com uma demanda crescente e preços em alta. De janeiro a junho, o faturamento já bateu R$ 1,7 bilhão, 76% a mais que no mesmo período do ano passado, posicionando a cooperativa como uma das 20 maiores do Brasil.
Outra aposta é na verticalização. A Holambra recebe cerca de 4 milhões de caixas de laranja por safra de seus cooperados e tem planos de transformar parte disso em suco industrializado.
“Ainda estamos definindo o melhor modelo de negócio,” disse Carvalho. “Temos um projeto para construir uma fábrica própria ou terceirizar a industrialização em uma primeira fase até que a fábrica fique pronta.”
Para bancar os investimentos, o capital de giro e a aquisição dos insumos que são vendidos aos cooperados — a cooperativa atua como uma revenda agropecuária — serão necessários R$ 700 milhões até dezembro.
Parte dos recursos já está no caixa; outra parcela ainda será levantada no mercado, aproveitando taxas mais generosas apresentadas no último Plano-Safra.