A ação da Hertz cai mais de 23% no after-market depois que a empresa contratou uma consultoria financeira para ajudá-la a se preparar para um pedido de recuperação judicial.
A FTI Consulting terá o desafio monumental de reestruturar uma dívida que já ultrapassa os US$ 17 bilhões, segundo o The Wall Street Journal, que anunciou a contratação com exclusividade.
A situação é iminente.
Na semana passada, a Hertz deixou de pagar uma de suas obrigações com o Barclays — entrando num período de carência que termina hoje. O WSJ diz que a Hertz está conversando com o banco para tentar chegar a um acordo e estender o prazo das negociações.
Mas com as restrições à mobilidade em seus principais mercados, a receita da companhia simplesmente evaporou da noite pro dia. Ao mesmo tempo, seus custos de financiamento aumentaram com o rápido declínio nos preços dos carros usados.
Agora, a recuperação judicial deve dar uma nova chance a uma das marcas mais icônicas dos EUA.
A Hertz enfrenta problema de gestão há anos: teve 3 CEOs nos últimos 5 anos. Em 2014, Carl Icahn entrou na empresa como ativista, propondo-se a consertar a companhia. Icahn trocou o management, mas pegou uma herança ruim.
O CEO que ele demitiu havia mudado a sede da companhia para Naples, na costa oeste da Flórida, um lugar pródigo em campos de golfe mas fora do contexto executivo. Resultado: com a mudança, a Hertz perdeu 70% de seus colaboradores e muita memória institucional.
A CEO Kathy Marinello, que assumiu em 2017, estava fazendo uma gestão elogiada pelo mercado, mas a empresa estava com uma dívida muito elevada e precisaria de mais tempo para fazer o ajuste.
A notícia do WSJ vem no mesmo dia em que a J. Crew entrou com seu pedido de recuperação judicial e em meio a relatos de outras grandes empresas com a corda no pescoço.
A ação de Hertz fechou hoje a US$ 3,59, dando à locadora um valor de mercado de US$ 511 milhões. Com a queda no after-market o papel agora sai a US$ 2,76.