A Hashdex — gestora de criptomoedas brasileira — lançou hoje o primeiro ETF de criptoativos do mundo, num momento em que as moedas digitais se estabelecem como uma nova classe de ativos.
O Hashdex Nasdaq Crypto Index ETF replica o Nasdaq Crypto Index (NCI), um índice desenvolvido em conjunto pela Nasdaq e pela Hashdex, e vai negociar na Bolsa de Valores de Bermudas (BSX).
A escolha das Ilhas Bermudas como foro de listagem se deu por uma questão regulatória. Nos EUA, a SEC tem negado autorização para ETFs do tipo, enquanto Bermudas é um dos países com a regulação mais avançada quanto se trata de criptoativos.
O NCI é composto por seis criptomoedas: Bitcoin, Ethereum, Stellar, Litecoin, Bitcoin Cash e Chainlink. O rebalanceamento é feito trimestralmente.
Para chegar nos seis ativos (dentro de um universo de mais de 5 mil), a Nasdaq aplicou quatro filtros: a criptomoeda tinha que negociar em três bolsas de criptoativos reguladas; ser suportada por pelo menos dois custodiantes institucionais; ter preço flutuante; e representar no mínimo 0,5% de todo o mercado cripto.
Por ser listado em Bermuda, o ETF não estará diretamente acessível a investidores brasileiros, que no entanto podem ter exposição a ele por meio dos fundos da Hashdex disponíveis nas plataformas do varejo.
O lançamento do ETF em parceria com a Nasdaq é um endosso relevante para a Hashdex, fundada por Marcelo Sampaio, um ex-Microsoft e Oracle que se tornou um investidor serial em startups, e Bruno Caratori, um ex-head de risco da Gávea que foi fazer MBA em Stanford e ficou por lá.
A Hashdex administra cinco fundos — distribuídos em plataformas como XP, BTG e Guide — e tem cerca de R$ 1,1 bilhão sob gestão.
Os fundos têm hoje 34 mil cotistas, dos quais 30 mil estão no Discovery (cuja carteira replica em 20% o NCI e investe o resto em renda fixa). Lançado em julho de 2019, o Discovery retornou 42,95% nos últimos 12 meses e 46% since inception. (2019 foi um ano ruim para cripto).
Outros dois fundos da mesma família permitem uma exposição maior: o Explorer, voltado para investidores qualificados, tem 40% de sua carteira replicando o NCI; e o Voyager, para investidores profissionais, tem 100% do patrimônio replicando o índice.
A gestora tem ainda outros dois fundos: o Ouro Bitcoin Risk Parity, que historicamente investe 70% em ouro e 30% em Bitcoin, e um fundo que investe 100% em Bitcoin.
O lançamento do ETF vem num momento em que as criptomoedas parecem estar vencendo a guerra para se estabelecer como uma classe de ativos. Ontem, Elon Musk disse que o conselho da Tesla aprovou a compra de US$ 1,5 bilhão em bitcoin, cerca de 8% do caixa da empresa, e disse que planeja aceitar a moeda como pagamento.
“Quando uma tecnologia é muito incipiente, é difícil pegar o vencedor. Hoje o Bitcoin é o vencedor, mas em 5 anos não necessariamente vai ser,” Roberta Antunes, a chief growth officer da Hashdex, disse ao Brazil Journal. “Por isso temos a tese de investir em índices.”
No Brasil, family offices, fundos multimercados e outros investidores institucionais estão mudando seu regulamento para poder investir em criptomoedas, na medida em que cada vez mais gestores apreciam os retornos assimétricos que uma pequena alocação pode proporcionar.
Os investidores externos da Hashdex incluem a Canary, Social Capital, Graph Ventures, Outlier Ventures e a Fundação Estudar.