A Hapvida fechou um contrato com a Riza Asset para o desenvolvimento de dois novos hospitais, uma operação que vai liberar R$ 600 milhões de capex para a rede hospitalar usar em outros projetos. 

Um dos hospitais será construído do zero no centro expandido de São Paulo. O segundo ficará no Rio de Janeiro e provavelmente será um brownfield, com o retrofit de um prédio já pronto. 

A Riza fará o investimento nos imóveis por meio de um conjunto de veículos.  

A gestora já tem R$ 300 milhões captados para a operação e precisará levantar outros R$ 300 milhões para financiar o restante.

Os R$ 600 milhões são a estimativa inicial de quanto os dois hospitais devem custar. Caso o preço fique acima disso, a Riza tem a opção de investir o montante adicional, ou a Hapvida pode bancar essa diferença, ficando com uma participação no imóvel. 

O contrato é no modelo de ‘built to suit’, com prazo de 20 anos renovável por mais 20.

“Estamos achando espaço no capex para acelerar os projetos de verticalização que não envolvem a imobilização de capital em ativos fixos,” o CFO Luccas Adib disse ao Brazil Journal. “Se o seu negócio é bom, não tem porque você investir em tijolo.”

Os projetos de verticalização citados por Adib envolvem, por exemplo, o investimento em clínicas e pronto-atendimentos nessas duas cidades. 

Segundo o CFO, a ideia é que a parceria com a Riza seja “longeva”, com a gestora podendo entrar em outros projetos futuros da empresa. “É claro que tem que ser no preço certo, mas vai ser mais uma opção que teremos na mesa,” disse ele.

Os dois novos hospitais fazem parte da estratégia da Hapvida de aumentar sua verticalização na chamada Regional II, que engloba as operações do Sul e Sudeste do País. 

Enquanto o nível de verticalização da Regional I (Norte, Nordeste e Centro-Oeste) é de 80% nas consultas e exames e de mais de 90% nas internações, na Regional II a verticalização fica ao redor de 50%.

“Com esse hospital de São Paulo vamos conseguir verticalizar uma parte importante dos sinistros que estão hoje na rede credenciada. Já no Rio vamos ter uma plataforma para crescer vidas de forma mais agressiva, aumentando o nosso market share local,” disse o executivo.

No Rio, a Hapvida estima que tenha um share de apenas 2% a 3% do mercado. Com a construção do hospital e outros investimentos na qualificação da rede, a empresa espera chegar a 30% num prazo não determinado. 

Segundo Adib, a negociação para a compra dos imóveis para os dois hospitais está em fase final (tanto do prédio pronto quanto do terreno). Enquanto o brownfield deve ser mais rápido – deve ficar pronto em um ano – o greenfield tipicamente leva dois anos para ser concluído. 

A Hapvida tem 86 hospitais. Destes, ela é dona de 25, aluga 35 da família Pinheiro e outros 26 de terceiros. 

O CFO disse que não está nos planos fazer uma outra operação de sale and leaseback no curto prazo, já que “estamos gerando muito caixa, o que tem sido suficiente para sustentar a necessidade de capex.”

No ano passado, a companhia fez uma operação de sale and leaseback de R$ 1,25 bilhão com a família Pinheiro, que comprou 10 hospitais que estavam no balanço da companhia.

A ação da Hapvida cai 9,6% nos últimos doze meses. A empresa vale R$ 29,9 bilhões na Bolsa e negocia a 15x seu lucro estimado para o ano que vem.