A ação da Hapvida abriu em alta de 14% depois da companhia reportar um resultado que surpreendeu o mercado, com uma queda na judicialização, um EBITDA acima do consenso e uma geração de caixa robusta.
No início da tarde, a alta havia moderado um pouco, com a ação subindo 10%. A Hapvida agora vale R$ 20 bilhões na Bolsa e o papel cai 35% nos últimos doze meses.
A operadora de saúde da família Pinheiro cresceu sua receita líquida em 7% para R$ 7,5 bilhões no primeiro tri, e reportou um EBITDA de R$ 1 bilhão, 8% acima da expectativa do sellside.
Mais importante ainda, a companhia mostrou uma melhora importante na judicialização, um tema que tem sido central nas discussões do setor.
Os depósitos judiciais civis aumentaram R$ 64 milhões para R$ 792 milhões. Já as provisões para contingências cresceram R$ 217 milhões (2,9% da receita), uma desaceleração em relação ao tri passado, quando cresceram R$ 249 mi (3,3%).
O crescimento menor das provisões foi a grande surpresa para os analistas, já que eles estavam esperando um número maior. O BTG, por exemplo, esperava que o crescimento representasse 3,5% da receita; o Itaú BBA projetava 3,4%.
“Os resultados foram encorajadores, particularmente com as iniciativas da companhia para endereçar o aumento das ações judiciais começando a render bons resultados,” escreveu o BTG Pactual. “Como resultado, esses números do primeiro tri devem ajudar a melhor ancorar as expectativas dos investidores.”
O BTG também destacou que os números desse trimestre vieram limpos, diferente do tri passado, quando tinham sido impactados por diversos one-offs.
A queda na judicialização no trimestre ajudou no EBITDA, que subiu 20% tri contra tri e ficou estável na comparação anual.
Outro destaque do trimestre foi a forte geração de caixa.
A Hapvida entregou um free cash flow de R$ 570 milhões, ajudado por melhorias operacionais e uma melhor dinâmica da judicialização, que compensou o capex maior, de R$ 199 milhões, 90% maior que o do mesmo período do ano passado.
Com isso, a dívida líquida da operadora caiu R$ 370 milhões no trimestre para R$ 4,16 bilhões. A alavancagem saiu de 1,06x EBITDA no quarto tri para 0,98x EBITDA agora.
A Hapvida também conseguiu reduzir sua sinistralidade no trimestre, que contraiu 40 basis points ano contra ano e 30 bps na comparação sequencial, para 67,6%. O número também veio melhor do que o mercado esperava.
Do lado negativo, a Hapvida reportou uma queda forte no número de beneficiários, perdendo 70 mil vidas no trimestre. Essa queda, no entanto, já era amplamente esperada pelo mercado, e foi compensada por um aumento de 9% no tíquete médio dos clientes.
Na call com o mercado, a Hapvida disse que agora que terminou a integração da Notredame, ela está entrando numa nova fase, focada na qualificação da rede própria e no crescimento orgânico.
O CEO Jorge Pinheiro disse que está positivo com o crescimento deste ano, e que o segundo semestre deve ser mais forte, já que haverá uma grande procura de cotações para contratos que vencem no período. Segundo ele, a companhia tem condições de ser mais competitiva e agressiva comercialmente.
A Hapvida disse que espera um reajuste menor dos planos este ano, em relação ao ano passado. A expectativa é que o reajuste seja uns 2 pontos percentuais menor que o de 2024, e já contemple um acréscimo de 1,5 p.p para repor o impacto da judicialização.
Na call, o CEO disse ainda que a estratégia é continuar desalavancado e que o objetivo da companhia é voltar a ser caixa líquido em algum momento — mas sem abrir mão de oportunidades de crescimento, quando elas aparecerem.