Por mais um trimestre, o resultado da Ipiranga foi o ponto fraco no desempenho da Ultrapar — e os analistas continuam sem entender o que está acontecendo com a empresa.
No terceiro tri, o EBITDA de R$ 398 milhões representou uma queda de 30% em relação ao mesmo trimestre de 2020.
A empresa atribuiu o resultado a margens comerciais menores no mês de julho e a despesas maiores, apesar do maior volume de vendas.
A receita líquida da Ipiranga subiu 59% para R$ 26,6 bilhões, por conta do maior volume de vendas e do aumento nos preços médios dos derivados de petróleo e etanol. O custo dos produtos vendidos teve alta de 62% para R$ 25,9 bilhões.
Quando se fala em distribuidoras de combustível, a principal métrica de rentabilidade é o EBITDA por metro cúbico, ou seja, quanto a empresa gera de caixa por cada litro de gasolina ou etanol que vende.
Nas contas do Bradesco BBI, essa margem EBITDA ficou em R$ 68/m3 na Ipiranga, ou R$ 64/m3 quando se excluem os resultados não operacionais.
Esse resultado foi bem melhor que os R$ 53/m3 do segundo trimestre — um dos piores da companhia — mas ainda assim uma performance “tímida”, segundo os analistas do banco.
Para eles, as margens da Ipiranga continuam muito pressionadas quando comparadas ao consenso de mercado para a Vibra (R$ 104/m3) e Raízen (R$ 85/m3).
Para o Bradesco BBI, a visibilidade do resultado recorrente da Ipiranga permanece “muito nebulosa”.
“Esperamos que as incertezas sejam esclarecidas pela empresa no call de resultados,” diz o BBI em relatório. A conversa está marcada para as 11 horas desta quinta.
Também citando os resultados esperados para as concorrentes, os analistas do JP Morgan disseram que as margens fracas da Ipiranga são mais um problema específico da companhia do que uma tendência da indústria.
A Ultrapar teve EBITDA recorrente de R$ 1,01 bilhão, queda de 2% em relação ao mesmo tri do ano passado. O resultado da Ipiranga foi atenuado pelo crescimento acima do esperado da Oxiteno e da Ultracargo.
Esse é o primeiro resultado divulgado após a empresa ter anunciado seu plano de sucessão, pelo qual Marcos Lutz assumirá como CEO a partir de janeiro, substituindo Frederico Curado. Não sem razão, a troca no comando da Ipiranga não pôde esperar: Leonardo Linden, ex-Raízen e ICONIC, já assumiu como CEO da Ipiranga em setembro.