Se as filas do aeroporto de Guarulhos te tiram do sério, calma: help is on the way.
Por uma taxa ‘modesta’, é claro.
A partir do segundo semestre, quem embarcar por Guarulhos terá a opção de embarcar por um terminal VIP que o BTG Pactual está terminando de construir, ao lado do terminal 3.
Será o primeiro deste tipo na América Latina, inspirado na experiência de cidades como Londres, Zurique, Los Angeles e Atlanta.
“Do ponto de vista de oferta de valor, as companhias aéreas resolveram muito bem a questão da segmentação da porta para dentro da aeronave, com a classe executiva e a primeira classe,” Fábio Camargo, o CEO do terminal e ex-CEO da Delta Airlines no Brasil, disse ao Brazil Journal.
“Mas da porta da aeronave para fora, a experiência é igual para todo mundo.”
O terminal, que levará o nome do banco, vai resolver isso permitindo que os passageiros façam o check-in, despachem suas bagagens e passem pela imigração e alfândega num processo separado dos demais terminais — supostamente, sem enfrentar nenhuma fila.
O embarque e desembarque das aeronaves também será feito direto do terminal — com um carro de luxo levando os passageiros para a entrada do avião.
O terminal terá ainda um serviço que o BTG chama de “alta gastronomia”, com pratos à la carte, salas de reuniões (privativas e presidenciais) e suítes para os passageiros descansarem antes do voo (que serão cobradas à parte).
O serviço vai funcionar no modelo pay per use: o viajante pagará uma taxa de US$ 590 (R$ 3.000 ao câmbio de hoje) para usar o terminal, e terá que fazer a reserva antecipada pelo site.
A capacidade do terminal será de 100 passageiros por dia, mas a expectativa do banco é que a ocupação seja bem menor no início.
“Tem um ramp up natural,” disse Daniel Epstein, um sócio do BTG que faz parte do time de investimentos proprietários do banco. “Mas esse terminal sempre vai operar com um fluxo de passageiros pequeno, para que não haja nenhum risco de um gargalo ou atraso. Vai ser uma movimentação muito fluida e rápida.”
A GRU Airport, a concessionária que opera Guarulhos, fez um processo competitivo em meados de 2022 para achar um parceiro para a construção e operação deste terminal.
O vencedor foi a canadense AEPM, que em março do ano passado vendeu o controle do negócio para um fundo do BTG. Há dois meses, esse fundo comprou a fatia restante da AEPM, ficando com 100% do capital do terminal.
O contrato fechado com a GRU foi feito no modelo de cessão de uso. O BTG pagou uma espécie de outorga na assinatura do contrato, e a GRU ganhará um percentual da receita da operação (com um valor mínimo acordado).
A duração do contrato é de 40 anos — superior ao prazo da própria concessão da GRU, que termina em 2032. Em outras palavras, o contrato de cessão de uso será herdado pela próxima concessionária que assumir o ativo. Para isso, foi preciso a aprovação da Secretaria Nacional de Aviação Civil.
Segundo Daniel, o capex total para a construção do terminal será de R$ 80 milhões. As obras começaram em meados do ano passado, quando o BTG assumiu o controle, e devem terminar nos próximos meses.
A receita do terminal VIP virá majoritariamente das taxas de acesso. O BTG não abriu uma estimativa para o faturamento, mas, considerando uma ocupação de 50%, a receita anual com os acessos poderia girar em torno de US$ 10,7 milhões.
O banco está negociando ainda parcerias com algumas marcas, que terão espaços exclusivos dentro do terminal. O carro que será usado para transportar os passageiros também faz parte dessas negociações.
A expectativa do banco é que a maior parte dos clientes do terminal sejam executivos viajando a negócios em voos internacionais. A companhia está negociando inclusive pacotes com empresas, que estão estudando comprar os acessos para seu C-Level.
Ainda assim, a proposta de valor também deve ser atrativa para o turismo de luxo, segundo Fabio. “Semana passada teve a maior feira de turismo de luxo do mundo e estivemos presentes conversando com as agências,” disse ele. “O interesse dessas agências em distribuir esse produto foi muito grande.”