O Grupo Pão de Açúcar pretende abrir pelo menos mais 45 novas lojas no ano que vem, a maioria delas do Minuto Pão, seu formato de proximidade — que tem apresentado um aumento relevante de margem.
A varejista também quer reduzir seu capex e pretende cortar a alavancagem pela metade, fechando 2024 com uma dívida líquida equivalente a 1,2x EBITDA.
No Investor Day que está acontecendo hoje em São Paulo, o GPA também disse que quer reduzir sua queima de caixa em mais de 50% no ano que vem — depois dela já haver caído de R$ 2 bilhões em 2022 para menos de R$ 1 bi este ano.
Até 2025, o plano é voltar a ter uma geração de caixa total positiva, o CEO Marcelo Pimentel disse durante o evento.
O CEO também reforçou o guidance de chegar a uma margem EBITDA de 8% a 9% no ano que vem — em comparação aos 7% do terceiro tri — e detalhou as entregas que já foram feitas do turnaround desde que assumiu o comando da empresa, em abril do ano passado.
Em seu pilar de crescimento, o GPA está expandindo suas vendas acima do mercado e da inflação há quatro trimestres consecutivos, o que tem permitido ganhos de share importantes, disse Pimentel.
No terceiro tri, o ganho de share foi de 0,6 ponto porcentual, em comparação a uma perda de share de 0,4 pp no primeiro tri do ano passado. Na bandeira Pão de Açúcar, esse ganho foi de 1,5 pp, e no Minuto Pão de Açúcar, de 2,9 pp, em grande parte por conta da abertura de novas lojas. (Das 132 novas lojas abertas desde abril do ano passado, 90 foram do Minuto Pão).
O GPA também está focando na gestão de categorias nas lojas, o que permitiu reduzir em 12% o sortimento de produtos — eliminando os de baixo giro (alguns estavam há mais de 300 dias sem vendas, e acabavam ocupando espaço das gôndolas e contribuindo para a ruptura).
Com a mudança, o GPA atingiu um nível recorde de 95% de disponibilidade nas prateleiras e conseguiu reduzir o estoque em 9 dias.
Outro objetivo que já foi atingido: os perecíveis passaram a representar mais de metade das vendas totais das lojas, em comparação aos 45% de abril do ano passado.
Nas vendas digitais, Pimentel disse que o GPA teve que tomar “decisões duras mas necessárias.”
A varejista encerrou a operação do James Delivery e fechou todos os cinco centros de distribuição dedicados ao ecommerce, passando a fazer todas as entregas do online no modelo de shipping from store.
Hoje, a venda online já responde por 12% das vendas totais, e a penetração de perecíveis nessas vendas é de 35%.
Mais importante ainda, a operação passou a ser rentável. Segundo Pimentel, o ecommerce do GPA operava com margem EBITDA negativa de cerca de 6% há um ano e meio. Hoje, está com margem EBITDA positiva também ao redor de 6%.
“Isso foi possível porque o ecommerce agora faz o cost sharing com a loja. Não tem mais a estrutura do CD, que trazia muitos custos. Além disso, o custo logístico diminuiu, porque as lojas estão muito mais perto da casa dos clientes,” disse ele.
Pimentel disse que o foco da expansão do GPA vai continuar no Minuto Pão, dados os resultados positivos que a bandeira tem apresentado.
Segundo ele, a margem EBITDA do Minuto cresceu mais de 2,5 pontos desde o terceiro tri do ano passado, e as lojas têm atingido a maturidade em apenas um ano em vez dos três que eram esperados.
“Esse crescimento de margem veio em grande parte da assertividade dos novos pontos, que permitiram atingir uma base de clientes que consome mais. Também colocamos um sortimento maior e aumentamos a parte de perecíveis, que traz um fluxo diário muito grande,” disse o CEO.
No pilar de rentabilidade, o GPA fez uma reestruturação do overhead e aplicou um orçamento base-zero, gerando uma economia combinada de R$ 360 milhões. Em 2024, o plano é fazer uma segunda rodada do orçamento base-zero, gerando novas reduções de custo. “Nossa expectativa é continuar achando melhorias e otimizações,” disse Pimentel.
Outra frente de aumento da rentabilidade é a redução das quebras — basicamente, os produtos que são jogados no lixo. A quebra era de 4% em abril do ano passado, já caiu para 3% hoje, e o objetivo do GPA é chegar em 2%.
Sobre a queda da alavancagem, Pimentel disse que parte importante vai vir dos R$ 800 milhões da venda do Éxito, que vão entrar no caixa em janeiro. Mas a melhora operacional – com o aumento do EBITDA e a redução da queima de caixa – também deve contribuir.
“Para a empresa se beneficiar das melhorias operacionais precisamos tirar a pressão do custo financeiro, que está consumindo todo o resultado,” disse ele.