O aumento colossal no investimento em inteligência artificial ainda pode levar alguns anos para aparecer de forma significativa nas estatísticas do PIB americano, mas estudos acadêmicos recentes já mostram ganhos de 25% na média (e 16% na mediana) na produtividade dos trabalhadores. 

Essas são algumas das conclusões da Goldman Sachs, onde o time de macroeconomia fez um balanço do ritmo da adoção da tecnologia nos EUA e de seus efeitos na economia do país até agora.   

Há um ano, a Goldman estimava em 15% o possível aumento da produtividade do trabalho nos EUA em um período de dez anos. Passados 12 meses, os analistas dizem que a transformação na economia está em curso, mas que os benefícios ainda estão concentrados em um número restrito de players e setores, os early adopters.  

Menos de 5% das empresas dos EUA estão usando formalmente ferramentas de inteligência artificial generativa. O percentual de adoção, porém, é 2x ou 3x maior em setores como o financeiro e o de tecnologia da informação. 

Em sondagens empresariais, os executivos listam uma série de razões que dificultam a adoção mais acelerada da IA, entre elas a falta de conhecimento de como aplicar a tecnologia e preocupações com a privacidade. Para a Goldman, essas barreiras devem perder força nos próximos anos. 

Até o momento, não há evidência de grandes efeitos no que diz respeito à temida destruição de postos de trabalho na economia. Pelo contrário. 

“A baixa adoção restringiu o impacto no mercado de trabalho, mas evidências preliminares sugerem que a IA está aumentando modestamente a demanda por pessoas e levou a uma perda negligenciável de empregos, portanto criando um ligeiro impulso positivo na contratação líquida,” dizem os analistas da Goldman. 

Os early adopters, entretanto, obtiveram um “grande aumento na produtividade dos trabalhadores.” 

As estimativas iniciais devem ser interpretadas com cautela, diz a Goldman, mas estudos acadêmicos indicaram um aumento médio de 25% e mediano de 16% na produtividade das empresas após a incorporação da IA em suas atividades.

“Relatórios anedóticos das companhias sugerem, da mesma maneira, grandes ganhos de eficiência,” diz o banco.

A maior parte dos investimentos tem se concentrado em hardware – chips e data centers. Segundo a Goldman, ele deve alcançar US$ 250 bilhões no próximo ano – um valor equivalente a 9% de todos os investimentos que deverão ser feitos nos EUA.

“O aumento considerável dos investimentos em IA e os grandes ganhos de produtividade entre os early adopters sustentam nossa confiança de que a IA generativa representa um upside expressivo para a economia, porém o ritmo lento de adoção sugere que o impacto macroeconômico mais relevante ainda vai demorar alguns anos,” diz a Goldman. 

Com relação ao impacto no valor das empresas, a Goldman nota que as valorizações ficaram concentradas nas companhias de hardware (por exemplo, fabricantes de semicondutores) e de nuvem. Foi um reflexo na alta da demanda por chips de IA e por data centers. “As prováveis beneficiárias dos ganhos de produtividade tiveram ganhos modestos,” diz o relatório. 

As empresas de semicondutores viram seu faturamento aumentar 50% desde o início de 2023 – principalmente por causa do salto de 200% nas vendas trimestrais da Nvidia.