A Unipar acaba de levantar R$ 750 milhões com uma debênture que vai ser usada para pré-pagar dívidas, reduzindo o custo e prazo médio de seu endividamento e deixando a petroquímica de Frank Geyer Abubakir mais preparada para um M&A.
A captação foi a primeira da Unipar este ano, e marcou a estreia da companhia no prazo de 10 anos — um mercado difícil de acessar para quem não emite títulos de infraestrutura ou incentivados.
A primeira série, de 5 anos e que saiu a CDI + 0,85%, levantou R$ 290 milhões.
A segunda série, de 7 anos e a CDI + 1,20%, levantou R$ 185 milhões.
Já a terceira série, de 10 anos e a CDI + 1,65%, captou R$ 275 milhões.
O CFO Alexandre Jerussalmy disse ao Brazil Journal que a demanda foi de mais de 2x o tamanho da emissão, “uma evidência de que o mercado reconhece que o modelo de negócios da Unipar é resiliente, com boas entregas mesmo no ciclo de baixa.”
A emissão foi coordenada pelo Itaú BBA (líder), Bradesco BBI, Santander, Banco Votorantim e XP. Os cinco bancos haviam dado garantia firme na operação, a um custo maior do que o pricing final.
Com a emissão, o prazo médio da dívida da Unipar já aumenta de imediato de 3,4 anos para 4,5 anos. Com o pré-pagamento das dívidas de curto prazo, a estimativa do CFO é de que esse prazo suba para perto de 5 anos.
O custo médio — hoje em CDI + 1,56% — também deve cair, mas o executivo não quis estimar a magnitude da queda.
“Com o perfil de dívida mais alongado e prazos de amortizações confortáveis conseguimos viabilizar um crescimento mais forte da empresa por M&As,” disse Jerussalmy.Segundo ele, o momento é bom para aquisições, já que há muitas empresas com um alto endividamento que precisam vender ativos para desalavancar.
Além disso, como o setor petroquímico está num ciclo de baixa, os valuations também estão deprimidos.
A Unipar está olhando M&As fora do Brasil, especialmente na Europa e Estados Unidos, avaliando ativos que possam gerar uma diversificação para o negócio, entrando em outras moléculas da petroquímica.
“Temos olhado muitas oportunidades, mas somos muito seletivos. Já apareceu muita coisa nos últimos dois anos, mas só vamos fechar se for algo que gere muito valor. Tem que ser um negócio gerador de caixa e com potencial de crescimento,” disse ele.
Jerussalmy disse que o ciclo petroquímico continua desafiador, “mas conversando com especialistas que olham o mercado global de petroquímica, eles já começam a enxergar alguns elementos que indicam uma melhora a partir de 2025.”
“Fazemos uma gestão para que a empresa esteja preparada para o cenário que for. Mas se de fato houver essa melhora, vamos fortalecer ainda mais nossa geração de caixa,” disse o CFO.
Como será usada para pré-pagar dívidas, a captação de hoje não altera a alavancagem da Unipar, que fechou o segundo tri em 0,7x EBITDA.
A companhia vale R$ 5,4 bilhões na Bolsa, com o papel em queda de 33% nos últimos 12 meses.