A G2D acaba de anunciar o maior desinvestimento de sua história, colocando R$ 117 milhões no caixa num momento em que sua ação negocia perto do low.
A holding de participações em startups controlada pela GP Investimentos vendeu sua participação na Edgard&Cooper, uma marca americana de alimentação saudável para pets.
O comprador foi a General Mills, que não divulgou o valor da transação.
Carlos Pessoa, o diretor de RI da G2D, disse ao Brazil Journal que a transação representou um ganho de 2,2x em relação ao valor investido pela empresa, com um retorno anual composto de cerca de 35% em dólar.
A G2D investiu na Edgard & Cooper em 2018 por meio do The Craftory, seu fundo que investe em marcas disruptivas de consumo na Europa e Estados Unidos.
“O valor de venda é equivalente a 52% do valor de mercado da G2D e mostra como o nosso papel está descontado,” disse o executivo.
A ação da G2D, que chegou a negociar a R$ 9,86 depois do IPO em maio de 2021, negocia hoje a R$ 1,90, com um valor de mercado de apenas R$ 220 milhões. O low foi atingido no mês passado, quando o papel bateu em R$ 1,85.
A companhia calcula que seu NAV (net asset value) seja de R$ 6,58 hoje, considerando o valor justo das participações que ela tem em cerca de 40 startups no Brasil, Europa e EUA. Antes da venda de hoje, o NAV estava em R$ 6,17.
O NAV caiu muito nos últimos anos por conta da reprecificação de todo o setor de tech e do ceticismo crescente dos investidores com as teses de venture capital. Em 2021, a G2D calculava seu NAV em cerca de R$ 9,30.
Carlos disse que a companhia marca seus ativos usando a metodologia International Private Equity and Venture Capital Valuation (IPEV), que determina que o investimento só pode ser marcado pelo valuation da última rodada até um ano depois dela acontecer. (Depois disso, a marcação é feita com base em metodologias tradicionais, como fluxo de caixa descontado e a análise de múltiplos.)
Isso fez com que a marcação dos ativos da companhia caísse muito nos últimos anos, em linha com a queda das empresas listadas de tecnologia.
“Marcamos para baixo nossos ativos para ser conservadores. Mas a venda de hoje, por exemplo, foi feita a um valor 57% superior ao que tínhamos marcado o ativo no nosso balanço,” disse Carlos.
O desinvestimento de hoje veio dois meses depois da G2D ter feito outra venda de ativo: a opengov, que gerou um ganho bem menor, de US$ 1,5 milhão, mas que também saiu a um valor superior à marcação do ativo e com um retorno de 3x o capital.
Carlos disse que a companhia deve usar os R$ 103 milhões da venda de hoje para pagar parte de suas dívidas e fazer novos investimentos.
Logo depois de seu IPO, a G2D levantou R$ 77 milhões em dívidas para fazer novos aportes, já que não havia conseguido captar tudo o que queria em equity. (Carlos não especificou quanto dessa dívida a companhia pretende pré-pagar agora).
Segundo ele, a ideia é fazer de 2 a 3 aportes este ano, seguindo o mesmo ritmo dos anos anteriores. A G2D não fez novos investimentos este ano.