O fundo de private equity da XP está comprando uma participação minoritária na empresa de suprimentos corporativos BR Supply.
Esse é o oitavo investimento do FIP XP Private Equity, que está colocando R$ 140 milhões na empresa em duas tranches: a primeira aconteceu há cerca de um ano, quando o fundo comprou R$ 92 milhões de uma debênture da companhia.
Uma pequena parte daquele dinheiro foi para capital de giro, mas o grosso foi utilizado pelo fundador Cesar Folle para recomprar a participação de acionistas minoritários – entre eles, outra gestora de private equity, a EB Capital.
Depois da recompra, Cesar ficou com 100% da BR Supply.
Agora, a XP está investindo R$ 48 milhões na companhia por meio de uma debênture conversível em ações – recursos que vão financiar a criação de uma nova linha de negócios dedicada a PMEs, bem como aquisições.
Ao mesmo tempo em que chegam os novos recursos, a primeira emissão – de R$ 92 milhões – também passará a ser conversível em ações.
“Quando compramos as primeiras debêntures nos aproximamos da empresa e do fundador e identificamos um negócio com alto potencial de crescimento,” disse Chu Kong, o gestor do XP Private Equity.
Segundo ele, a BR Supply ainda tem pouco share de um mercado muito fragmentado, e o fato de a empresa já ter passado por um private equity foi um fator “interessante” do ponto de vista da governança.
A BR Supply foi fundada por Cesar em 2008, em São Leopoldo, no Rio Grande do Sul, meses depois de ele vender a Top Service – uma empresa de manutenção predial que ele fundara aos 22 anos e transformou em líder de mercado no Sul – para a GP Investimentos.
Cesar teve a ideia de criar a BR Supply quando observou toda a inovação que estava acontecendo no ecommerce B2C – e entendeu que o mercado B2B apresentava uma oportunidade.
A BR Supply substitui o departamento de compras de uma empresa. Ela e o cliente fazem juntos uma lista de produtos essenciais e recorrentes no dia a dia – como materiais de escritório, eletrônicos, higiene e limpeza, uniformes, bobinas para impressão de cupons fiscais, etc. A empresa trabalha com mais de 10 mil SKUs.
Essa lista vai para um catálogo de intra ecommerce e a partir daí os departamentos da empresa vão fazendo os pedidos conforme a necessidade. O algoritmo da BR Supply ajuda na gestão dos pedidos para que a companhia não fique desabastecida.
A BR Supply pode fazer um atendimento padronizado ou customizado. Hoje ela atende mais de 300 clientes em todos os setores, como Itaú, Bradesco, Ambev, Vale, Raia Drogasil, Carrefour, BRF e XP.
Cesar estima este mercado no Brasil em R$ 25 bilhões, com 5 milhões de CNPJs.
“Nesse segmento, as compras costumam ser feitas de forma fracionada, pelo telefone ou indo num fornecedor regional. Nós inovamos porque desenvolvemos um intra e-commerce de produtos e também cuidamos de toda a logística,” diz Cesar.
A BR Supply tem dois centros de distribuição: em São Leopoldo e São Bernardo do Campo.
Chu disse que as empresas ainda têm resistência em terceirizar o departamento de compras, mas esse aspecto da logística oferecido pela BR Supply tem servido para superar isso – principalmente na pandemia.
“As empresas foram para o home office, e a BR Supply conseguiu entregar os produtos na casa dos funcionários. Isso foi um grande catalisador do negócio,” disse o gestor.
Com o investimento da XP, a BR Supply planeja expandir o negócio da sua plataforma OceanoB2B.com, dedicada a pequenas e médias empresas. Esse canal de vendas vai se beneficiar das sinergias operacionais, do mix de produtos e da logística de distribuição que a empresa já usa para atender os grandes clientes, disse Cesar.
O crescimento via aquisições também segue nos planos: a BR Supply comprou a paulista Korpex em 2017; e no ano seguinte ficou com a operação da Staples no Brasil. O track record em M&A também chamou a atenção do fundo da XP.
A BR Supply teve R$ 800 milhões de receita em 2021 e a expectativa é crescer 40% este ano. Um IPO está nos planos da companhia.
O escritório de agentes autônomos Messem, de Porto Alegre, fez a ponte entre Cesar e o fundo – Chu diz que das oito aquisições do fundo, cinco foram geradas dentro do ecossistema da XP.
O FIP XP Private Equity captou R$ 1,4 bi em 2020 e já investiu 80% dos recursos em empresas de saúde, serviços financeiros, serviços para empresas, consumo e tecnologia.
“Ainda estamos atrás de novas oportunidades e – quem sabe? – logo logo já poderemos cogitar um novo fundo,” disse Chu.