A Frizata — uma marca nativa digital de produtos congelados fundada na Argentina — acaba de fechar uma rodada de R$ 25 milhões para acelerar sua expansão internacional, entrando primeiro no Brasil e, alguns meses depois, nos Estados Unidos.
A captação foi liderada pelo SP Ventures, um fundo de venture capital brasileiro focado no agronegócio e que já investiu em empresas como a Agrosmart.
A rodada Série A também teve a participação de Marcos Galperin, o co-fundador e CEO do Mercado Livre; Jaime Soler Bottinelli, o ex-CEO global da Cencosud; Gonzalo Ramirez Martiarena, ex-CEO global da Louis Dreyfus; e da Norte Ventures.
A Frizata está tentando resolver o que ela considera um problema gigantesco da indústria de alimentos congelados.
Enquanto o consumidor evoluiu muito nos últimos anos — ficando mais exigente em relação à qualidade dos produtos e seu impacto no meio ambiente — a indústria ficou praticamente parada no tempo.
“O lado da demanda mudou radicalmente, mas a oferta continua basicamente a mesma de 15 anos atrás,” Henrique Zanuzzo, o CEO da Frizata no Brasil, disse ao Brazil Journal. “Isso aconteceu porque a indústria opera com uma cadeia de distribuição muito longa e lenta, que acaba restringindo a inovação. O varejo deixa passar só alguns produtos com características muito específicas.”
A Frizata quer resolver essa questão apostando numa venda 100% digital e direta ao consumidor, o modelo de negócios conhecido como DNVB (digitally native vertical brand).
Além de eliminar os intermediários, isso permite que a startup tenha acesso a dados dos consumidores que vão ser usados para melhorar o portfólio de produtos.
“Estamos tentando ‘hackear’ essa cadeia de distribuição,” diz Henrique. “A gente enxerga o produto como um software, que vai evoluindo ao longo do tempo com diversas versões.”
A Frizata está operando de forma beta no Brasil, mas as vendas de fato começam esta semana. A fábrica da startup fica na Argentina e, num primeiro momento, os produtos vendidos no Brasil serão importados de lá.
A entrada vai começar pela Grande São Paulo, com um portfólio de 50 produtos que inclui de vegetais e frutas congeladas até aperitivos e carnes. Até o final do ano, a ideia é chegar a 70 SKUs, basicamente a mesma quantidade disponível na Argentina. (Aparentemente, o bites de espinafre é imperdível: o CEO ‘vendeu’ o produto para o repórter três vezes durante a entrevista.)
A Frizata nasceu em 2019 em Rosário, na Argentina, e foi fundada por Adolfo Rouillon e José Robledo — dois empreendedores seriais que já haviam fundado e vendido outras duas empresas e empreendem juntos há mais de 20 anos.
Hoje, a marca é vendida em três cidades argentinas e em Santiago do Chile, um mercado em que a Frizata estreou este ano. Em setembro, a startup vai entrar nos Estados Unidos, começando por São Francisco.
A Frizata faturou US$ 10 milhões em 2020, mas o run rate já está em US$ 15 milhões. Já considerando os novos mercados, a expectativa é fechar este ano com uma receita de US$ 20 milhões.
Outro diferencial da Frizata é seu foco no público ‘flexitariano’ (glossário: aqueles que comem carne mas tentam fazer uma dieta mais focada em vegetais e com o menor impacto possível no meio ambiente; ou numa tradução mais literal, o ‘vegetariano flexível’).
Isso se reflete no portfólio da empresa: vegetais e frutas são os pratos dominantes, com opções de substitutos de carnes.
“A alimentação do futuro é um prato com uma quantidade bem pequena de carne e mais vegetais,” diz Henrique. “Tentamos replicar isso no nosso portfólio.”